sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sobre a Mercedes, Hamilton, Schumacher... e Lauda

Depois de ler as noticias desta manhã, existem duas coisas dos quais não esperava muito. Primeiro, que Michael Schumacher não anunciasse desde logo a sua aposentadoria, e segundo, que a Mercedes, no seu "shopping spree", tenha contratado Niki Lauda para as funções de "diretor na área da formação", uma coisa muito nebulosa à partida, mas que pode se traduzido por um cargo de relações públicas, uma recompensa pelo facto de ter servido de intermediário entre a marca alemã e Bernie Eccclestone nas negociações para o novo Acordo da Concórdia.

Ross Brawn, diretor desportivo da Mercedes, explicou que nos “últimos três anos colocámos de pé as fundações de que precisamos para competir de forma regular pelos campeonatos do mundo. Agora temos o potencial para igualar qualquer outra equipa na grelha, que é o padrão mínimo para uma formação oficial da Mercedes-Benz. O nosso objetivo é traduzir esse potencial em performance de pista para a próxima época e seguintes”.

Lá que estão a gastar muito dinheiro para ser "o melhor, ou nada" (lema que adotaram nos últimos tempos), isso é verdade. Pagar cem milhões de euros por Lewis Hamilton nos três anos seguintes é obra, mas as pressões agora estarão mais altas. Nico Rosberg quer provar que não é nenhum saco de pancada para a estrela da companhia, seja ele Schumacher ou Hamilton (apesar de serem amigos e terem corrido juntos na Formula 3), e o piloto inglês quer provar que ele não foi para lá pelo dinheiro, mas vai ser complicado. Eu comparo-o ao cantor Kanye West, que tem muita lábia e pouco para mostrar. 

E este vai ser um momento decisivo para a sua carreira: ao sair da sua zona de conforto da McLaren, onde foi criado, para ir à Mercedes, onde terá estatuto indiscutível de primeiro piloto, tem de provar que não é Jacques Villeneuve, que destruiu a sua carreira na BAR, ou Damon Hill, que fez a pior mudança na vida, quando foi para a Arrows, em 1997.

Em relação a Michael Schumacher, creio que adiou a decisão de se retirar, sinal de que quer continuar na Formula 1 em 2013. Sempre achei que o seu foco fosse esse, especialmente quando me contaram que a Mercedes lhe ofereceu cargos como embaixador e um lugar na sua equipa do DTM e ele simplesmente recusou. Ele ainda acha que em 2013, quando tiver 44 anos, será um piloto tão válido como os outros. Disso, não tenho duvidas, não coloco isso em causa, mas o problema é esse: Schumacher tornou-se mais um piloto como os outros, deixou de ser a mais valia que todos admiravam, temiam e detestavam, há dez, doze, quinze ou dezoito anos atrás, e que o fizeram bater todos os recordes.

A dança das cadeiras de hoje foi estrondosa, sinal de que a Mercedes apostou em tudo para ser campeã do mundo de Construtores antes de 2015. Agora torce-se para que Ross Brawn ajude a fazer um grande carro para justificar todo este investimento.

2 comentários:

Humberto Corradi disse...

Meu amigo,

Con tinuo achando que a Mercedes quebrou a cara...

Vamos aguardar.

Valeu!

Rui Amaral Lemos Junior disse...

Paulo Alexandre, numa época em que os milésimos de segundo colocam um carro na pole ou em 10 lugar no grid, certamente Lewis fará a diferença.
Acredito que quando a Mercedes comprou Ross Brawn, ops, quis dizer a Brawn, levou gato por lebre!(vc morou por aqui e deve conhecer a expressão!)
Quanto a Niki só o tempo dirá.

Um abraço