segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sobre o alegado GP de Roma de 2012, e os circuitos urbanos em geral

Queria encontrar uma melhor ocasião para comentar a noticia sobre o tal acordo que Bernie Ecclestone fez (mas ainda não anunciou) para albergar um GP nas ruas de Roma a partir de 2012, e achei que era altura para tal quando vasculhava os meus posts do passado, enquanto faço aquele trabalho de selecção para o livro que pretendo publicar no primeiro terço de 2010. Quando redescobri o post sobre o "GP de Paris", que se falava muito em 2007, como substituto de Magny Cours, e que em 1982 foi matéria para um livro do Michel Vaillant, de seu nome "300 km/hora em Paris", achei que era inspiração suficiente para escrever nas linhas a seguir.


Na altura, escrevi a seguinte passagem: "Gostaria de ver um GP no meio de Paris? Mas porquê ter um circuito citadino no meio de Paris, numa altura em que temos pessoal a construir à força toda circuitos um pouco por todo o mundo? É para aproximar o pessoal das corridas? E para quê? Se querem isso, então mais vale largar os circuitos tradicionais e vamos correr nas ruas de Londres, de Nova Iorque, de Moscovo, de Tóquio... larguemos os circuitos à sua sorte."


De então para cá, a minha percepção pouco mudou. Não gosto muito das corridas urbanas feitas em circuitos não-americanos, pois dão-me a sensação de claustrofobia. Vejo locais como Boavista, Valencia, Marrakesh e Singapura são mais propensos para desfiles em fila indiana, e poucas emoções dão aos adeptos de automobilismo. E também acho, tal como aconteceu em 2007, que é uma ofensa aos que constroem circuitos um pouco por todo o mundo. Se a ideia é construir pistas no meio da cidade, com o consequente incómodo causado à circulação automóvel e a irritação dos utentes que usam essas vias todos os dias, pois não se consegue montar uma coisas destas em três dias, então mais vale nem sequer desenhar novos projectos. A Formula 1, por obra e graça de Bernie Ecclestone e dos que estão à sua volta, transformou-se num espectáculo multi-milionário sem rival à altura. Qualquer outro campeonato, seja ele a Le Mans Series ou outras, ainda não constituem ameaça a esta hegemonia.


Gostaria de ver circuitos europeus no calendário, isso é certo. Mas mais países e não um país a acolher duas provas, como acontece agora em Espanha, e já aconteceu no passado em Itália, Alemanha, Grã-Bretanha e de uma certa maneira, a França (o Mónaco e um micro-estado rodeado pela França, apesar da sua proximidade com a Itália). Mais uma vez, sou inclinado a concluir que este tipo de negócio é uma forma de Bernie Ecclestone manter a sua influência na Formula 1 actual. Pode já não ter equipa, pode não ser dirigente, mas é ele que negoceia as transmissões televisivas e é ele que desenha os circuitos e elabora o calendário, negociando acordos leoninos com os proprietários dos circuitos, cada vez mais caros a cada ano que passa.


Claro, perguntam-me: "e o Mónaco? Porque não sai do calendário?" Sei que há algumas pessoas na blogosfera que apoiariam uma eventual retirada do Mónaco no calendário. Mas este é um caso à parte. Se dependesse de mim, o Mónaco ficaria sempre, porque faz parte da tradição. Está no calendário há mais de 50 anos, e é a unica forma deste micro-estado aparecer no mapa. Mas seria a unica prova na Europa que deixaria. Sou terminantemente contra a existência de circuitos citadinos em Valencia e Roma. Querem corridas nessas cidades? Simples: renovem Cheste e Vallelunga... desde que os novos desenhos desses circuitos não sejam feitos pelo Hermann Tilke, por favor!

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