quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A imagem do dia (II)

Esta vi no Facebook do estónio Tonu Altmae. Ronnie Peterson, no pódio, a comemorar a sua quarta vitória do ano e a fechar a chave de ouro a sua primeira temporada na Lotus. A seu lado, o jovem James Hunt que vê, contente, a vitória do seu colega e amigo, enquanto que Lord Hesketh segreda alguma coisa ao seu ouvido, perante os olhares de Barbro Edwardson, que depois viria a ser a mulher de Ronnie, e Colin Chapman, a seu lado.

A corrida foi emocionante, com o britânico a ficar na cola do seu Lotus por muito tempo, acabando com ambos juntos por pouco mais de meio segundo. A vitória do "super sueco" foi cara e ele teve de suar para lá chegar. Quando a Hunt, era o seu segundo pódio da sua carreira e pelo meio, também tinha feito a sua segunda volta mais rápida e dando à March - ainda era um chassis March - 14 pontos e o oitavo lugar da geral.

Mas os sorrisos foram de circunstância. Diremos que tudo aquilo tinha o seu quê de farsa. Todos tinham na mente os eventos do dia anterior, com o acidente mortal de Francois Cevért. Após isto tudo, Peterson confidenciou a um amigo seu que não tinha tido qualquer prazer naquela vitória, e o ar de Barbro, com os seus olhos melancólicos, talvez espelhasse esse sentimento.

Contudo, para estes dois pilotos, a temporada de 1973 fora de sonho. Ronnie Peterson tinha chegado para parelhar com Emerson Fittipaldi no sentido de ambos lutarem pelo título de Construtores, mas o que não se sabia era que Chapman decidira dar uma chance de ambos lutarem pelo título mundial, prejudicando um e outro a favor de Jackie Stewart, no seu Tyrrell. O velho lenhador já tinha decidido à muito que iria haver uma hierarquia e o escocês tinha o predominio sobre o seu companheiro de equipa. Mas Cevért tinha evoluído muito em 1973 e Stewart, no alto dos seus 34 anos e nove temporadas bem sucedidas no automobilismo, achou que era a altura certa de ir embora, dando as rédeas ao seu discípulo. Como sabemos agora, este não teve tempo para o saborear.

Peterson começou a ganhar a partir do meio do ano e aproveitou o mau momento de Fittipaldi para brilhar. E em Monza, palco do GP italiano, onde um ano antes, ele tinha sido o vencedor, Chapman não respeitou um acordo que ambos tinham feito, favorecendo o sueco. Com a sua vitória - a terceira da temporada, depois de França e Áustria - Fittipaldi decidiu que iria embora dali, acabando por ir à McLaren.

Já James Hunt tinha aparecido com a temporada a meio. Alexander Hesketh tinha ido para a Formula 1 "para falhar em grande", comprando um chassis March. Mas ele tinha o seu companheiro "Bubbles" Horsley e ambos tinham contratado um jovem projetista de 29 anos, de seu nome Harvey Postletwaithe, afirmando que "ali poderia embebedar-se". Hunt já se tinha juntado a eles ainda na Formula 2, e foi o seu primeiro piloto de forma incontestada. O que não esperavam é que fossem velozes, com os pódios como resultado, apesar das suas extravagâncias e do famoso "Sex, Breakfast of Champions" cozido no fato de competição.

No final, os 14 pontos e a constante evolução do chassis March fez com que continuassem a experiência, no ano seguinte, com o modelo 308, tornando-se na estrela candente mais famosa da Formula 1. Uma que até deu filmes de Hollywood, do outro lado desta costa americana. Mas nessa tarde de há 42 anos, tudo estava no seu inicio.

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