quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A história da Sebastien Löeb, contada pelo Público

Este fim de semana, o mundo dos Ralies comemorou o quarto título mundial de Sebastien Löeb, tornando-se agora, aos 33 anos, num dos melhores pilotos de sempre na categoria. Com Marcus Gronholm em retirada, e com homens como Jari-Mari Latvala e Mirko Hirvonnen demasiado jovens (e inexperientes) para o contestar nas classificativas, tudo indica que Löeb será o próximo Michael Schumacher dos ralies, auguranto um quinto título mundial em 2008. Pelo menos, é o que se transparece no artigo escrito hoje no jornal "Público", sobre a carreira do novo tetra-campeão do mundo...


"Sébastien Loeb, um campeão fora-de-série até nas circunstâncias que encontrou"

05.12.2007, Hugo Daniel Sousa

O francês Sébastien Löeb é o piloto com mais vitórias em provas do Mundial de ralis (36) e acaba de conquistar o quarto título mundial, algo que só os finlandeses Juha Kankkunen (1986, 1987, 1991 e 1993) e Tommi Makinen (1996 a 1999) tinham conseguido. Com a retirada de Marcus Gronholm, a tarefa do tetracampeão no caminho para um inédito quinto título parece ainda mais facilitada. Será Loeb o melhor piloto de sempre? O que é que este francês de 33 anos tem que os outros não têm?

"Loeb é muito bom, mas tem tudo a seu favor", responde Armindo Araújo, português que esta temporada disputou o Mundial de Produção (P-WRC) e viu de perto algumas das actuações do francês ao volante do Citroën C4. A análise é partilhada por Bruno Magalhães, campeão nacional de ralis. Ambos elogiam o francês, considerando-o um "grande piloto", "frio", que "comete poucos erros", mas ambos destacam as condições ideais de que o piloto alsaciano beneficia.

"Os bons pilotos estão nas boas equipas. O Loeb está no sítio certo à hora certa, e está na Citroën numa altura em que a equipa é muito forte", destaca Bruno Magalhães, que tem reservas em considerá-lo o melhor de sempre: "Quando um piloto ganha com demasiada facilidade algo de errado se passa". Armindo Araújo acrescenta outro factor. Actualmente, a luta pelo título centra-se em duas equipas (Ford e Citroën). "No tempo de Tommi Makinen, Carlos Sainz, Colin McRae e Richard Burns havia muitos candidatos, todos tinham de andar nos limites e, se erravam, ficavam afastados do título", diz o antigo tetracampeão nacional."

Fora do comum

Estes argumentos, porém, não convencem Guy Fréquelin, director desportivo da Citroën que precisamente este ano se despede dos ralis. "No primeiro ano em que fez o campeonato completo [2003], ficou à frente de muitos deles", disse à AFP. Nesse ano, Loeb foi segundo, a um ponto de Petter Solberg, e à frente de Sainz, McRae e Makinen. Por isso, o pai espiritual de Loeb, como a AFP lhe chamou, não hesita em dizer que "os quatro títulos são mais fortes do que os de Kankkunen e Makinen".

Carlos Barros, director desportivo da Peugeot Portugal e que chegou a colaborar com Jean Todt nos ralis, também reconhece que Loeb tem uma equipa fortíssima - até gostava de o ver noutra formação - e que convive com menos adversários do que os seus antecessores, mas, acima de tudo, vê no francês um piloto "extraordinário, fora do comum". "Nestes últimos 30 anos, é dos mais completos. Lembro-me do alemão Walter Rohl, que, tal como o Loeb, também fazia o que queria de um carro, sem sair de estrada", argumenta Barros, avisando, no entanto, que é sempre "complicado" comparar pilotos de épocas diferentes. Uma das situações que para Carlos Barros distingue Loeb de outros campeões é que o francês é um "produto" da Citroën e de Guy Fréquelin. Foi este antigo piloto francês que o descobriu, como o próprio conta. "Quando o vi no Rali da Alsácia, num Saxo, era impossível saber que iria ser um campeão deste nível, mas vi logo que tinha potencial."

Carlos Barros acrescenta ainda que Fréquelin foi gerindo a carreira de Loeb, permitindo-lhe aperfeiçoar--se constantemente. "Loeb nunca fica 15 dias sem andar num carro de corridas, o que é muito importante", destaca o engenheiro português, enquanto Armindo Araújo recorda que o alsaciano "aprendeu muito" com Sainz e McRae.

Unânime, por outro lado, é que Seb é ainda mais favorito a vencer o Mundial de ralis na próxima temporada. Gronholm, que tem sido o grande adversário, já anunciou a retirada e poucos pensam que os finlandeses Mikko Hirvonen e Jari-Mari Latvala, ambos da Ford, possam fazer já frente ao francês. E, como explicou à AFP, Sébastien Loeb tem contrato com a Citroën até 2009 e pensa continuar, porque ainda sente "prazer" em competir. Por isso, o francês tem caminho aberto para se tornar o piloto com mais títulos de sempre no Mundial de ralis, embora alguns, como Armindo Araújo, pensem que "talvez Loeb nunca consiga ter o carisma do Colin McRae, que é recordado como um mito".

4 comentários:

Priscilla Bar disse...

Sobre a última frase:Pode até ser que sim,Loeb vai ser o Schumacher dos Rallys e Collin Mcrae será como o mito Senna.A história se repete...

Beijos

Anónimo disse...

O carisma é meio caminho andado para serem recordados para sempre

www.16valvulas.wordpress.com

SAVIOMACHADO disse...

Muito bom. Löeb não será esquecido. O fato da Citroen ser campeão pelas mãos do piloto também o ajudará muito ao longo da história. Também concordo que não há como comparar pilotos de épocas diferentes. O que sabemos hoje é que Sebastien Löeb é o melhor.
Um abraço.
SAVIOMACHADO

Anónimo disse...

Essa comparação com decadas passadas não é válida, falam a mesma coisa de Schumacher, "a época em que correu foi mais facil", "não tinha adversários", que fala isso é por inveja, sinceramente, o Loeb é um dos melhores pilotos que já vi correr, e não estou falando só de Rally. Se ele está na melhor equipe, é porque mereceu, e está provando o motivo de estar onde está.