segunda-feira, 23 de abril de 2018

Brabham 70: Parte 3, Piloto e Construtor

No próximo dia 2 de maio será lançado o Brabham BT62, o primeiro carro da Brabham Automotive, e vai praticamente colocar o nome de Jack Brabham de novo na ribalta, setenta anos depois de ele ter começado a sua carreira no automobilismo. Este projeto veio da mente de David Brabham, o filho mais novo de Jack, que sempre quis resgatar o rico património da marca, que existiu na Formula 1 entre 1962 e 1992, conseguindo quatro títulos mundiais de pilotos e dois de construtores. 

Ao contrário da Formula 1, Formula 2 e Formula Junior, parece que este carro será para a estrada. Terá um motor V8 de 650 cavalos, e dos sessenta exemplares construídos, 23 já foram vendidos ainda antes de ser oficialmente revelado, ao preço de um milhão de dólares cada um, o que é um feito.

David Brabham espera que isto possa ser o inicio de algo maior, quem sabe, pavimentar o regresso à sua origem, o automobilismo. E é sobre isso que se vai começar a se falar por aqui sobre a marca de "Black Jack", um dos maiores pilotos que a Austrália viu. 

Todos os dias, até à data da apresentação, coloco aqui um artigo sobre a história de Jack e da equipa que ergueu. E no segundo episódio, falo da consagração dele como piloto, ao serviço da Cooper, e dos primeiros passos como construtor.




PILOTO E CONSTRUTOR


Desde 1960 que Jack Brabham e Ron Tauranac trabalhavam juntos na ideia da sua própria equipa, para construir chassis e correr na Formula 1 e Formula Junior. Brabham seria o engenheiro e piloto, enquanto Tauranac seria o projetista. A empresa foi fundada no final de 1961 como Motor Racing Developments (MRD), e Brabham queria chamar os seus carros dessa maneira. Foi persuadido a mudar de nome quando Rob Walker lhe disse o significado das suas iniciais em francês...

Assim, em 1962, nascia o primeiro chassis Brabham, o BT3, guiado pelo próprio Brabham. A sigla "BT" eram as iniciais dos apelidos de Brabham e Tauranac, e estreou-se no GP da Alemanha, corrido na pista de Nurburgring com o piloto ao volante. Dois quartos lugares em Watkins Glen e East London, as duas últimas corridas dessa temporada, foram o cartão de visita.

No ano seguinte, Brabham contrata o americano Dan Gurney, vindo da Porsche, e os resultados vieram a seguir com o modelo BT7. Quatro pódios, três deles segundos lugares, elevaram a equipa para o terceiro lugar no campeonato de construtores. E em 1964, com Gurney ao volante, alcançou a sua primeira vitória, no GP de França, em Rouen. O americano voltaria a vencer no México, a última corrida do ano, enquanto um terceiro chassis ia para a Rob Walker Racing, corrido por Jo Siffert.

Também nesse mesmo ano, constroi-se o modelo BT11, com resultados mais modestos, pois os principais clientes eram pilotos privados, como Bob Anderson, que conseguiu um terceiro lugar no GP da Austria de 1964, por exemplo. E também foi o chassis onde um jovem Jochen Rindt se estreou na categoria máxima do automobilismo.

Em 1965, Brabham tinha 39 anos e contemplava a retirada, pensando que Dan Gurney fosse o sucessor ideal. Ao mesmo tempo, promovia também o neozelandês Dennis Hulme à categoria máxima. Não foi um grande ano, pois não alcançaram vitórias, no ano em que terminavam os motores de 1.5 litros. Para a nova categoria, Brabham recorreu aos serviços de uma preparadora local, a Repco, que construia motores V8 de 3 litros, baseados num velho Oldsmobile.

Tudo estava pronto, mas no final de 1965, Gurney faz um anuncio inesperado: iria montar a sua própria equipa. Brabham decidiu ficar por mais algum tempo, com Hulme a seu lado e os Repco V8 prontos para a temporada que aí vinha. Só faltava um chassis digno desse nome.

(continua amanhã)

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