sexta-feira, 25 de outubro de 2024

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Fernando Alonso alcança este fim de semana, no México, uma marca que é inédita na Formula 1: 400 Grandes Prémios. É o primeiro piloto a alcançá-lo. E mais: o seu primeiro Grande Prémio aconteceu em março de 2001, há 23 anos. Nessa altura, por exemplo, as Torres Gémeas ainda estavam de pé, Timor-Leste ainda não era independente e ainda faltava pouco menos de um ano para termos o Euro. Ou seja, o piloto de 19 anos deve ter feito algumas transações em pesetas - pagar o táxi ou o jantar - no caminho para a Austrália. 

Ele se estreou com mais três pilotos: o colombiano Juan Pablo Montoya, o finlandês Kimi Raikkonen, e o brasileiro Enrique Bernoldi. E correu contra gente como Jean Alesi, que começara a correr na Formula 1 no verão de... 1989. 

Claro, aos 19 anos, era o piloto mais novo do pelotão. Agora está a caminho dos 44 anos, e é o mais velho. Com os recordes todos de longevidade - apesar da interrupção entre 2019 e 2020, onde foi ganhar as 24 Horas de Le Mans e tentar a sua sorte nas 500 Milhas de Indianápolis - algo me diz que deve desejar ser o primeiro piloto desde Juan Manuel Fangio a ser campeão. Recordo-vos que "El Chueco", o argentino de Balcarce, ganhou o título de 1957 no alto dos seus 46 anos.

Lembrei-me de Michael Schumacher, no seu regresso, em 2010, pela Mercedes. Lembrava bem que quando começou a correr, no verão de 1991 - 19 anos antes - tinha Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell, Nelson Piquet, Gerhard Berger, para falar dos maiores. Tinha também como estreante gente como Mika Hakkinen. E no regresso, corria contra Sebastien Vettel, Lewis Hamilton, Jenson Button e Jaime Alguersuari. Sobretudo esse último. 

Fui ver, e o então piloto da Toro Rosso, que tinha chegado à Formula 1 na segunda metade de 2009, tinha... um ano e cinco meses quando Schumacher se estreou na categoria máxima do automobilismo. 

Neste momento, Alonso corre num pelotão onde cinco dos seus elementos não eram nascidos quando ele se estreou. E um, como é Max Verstappen, se estreou ainda antes dos 18 anos.

Provavelmente, esta geração "Drive to Survive" olha para ele e pensa que corre desde o tempo dos dinossauros e a certa altura partilhou a pista com Juda Ben-Hur e Tazio Nuvolari. E quando foi para a Ferrari, rubricou a sua assinatura ao lado da do Commendatore - digo-vos que não. Mas sou "velho". Lembro de o ver andar num Minardi. E o mais espantoso de tudo é que Alonso ainda é competitivo. Com bom carro, no inicio de 2023, subiu ao pódio por oito ocasiões, mesmo não tendo ganho.

E agora que sei que fará 400 Grandes Prémios. Na história da Formula 1, é como se alguém tivesse corrido sempre, sem interrupções, desde o GP da Grã-Bretanha de 1950 até ao GP da Áustria de 1984. São 34 anos. E o mais espantoso disto tudo é que, se calhar, o melhor... poderá estar para vir. Especialmente quando se sabe que a sua equipa, a Aston Martin, a partir de 2026 terá motores Honda e os seus chassis serão desenhados sob a caneta de Adrian Newey

Em jeito de conclusão: acho que Fernando Alonso é um "case study", daqueles que aparecem um em cada geração. E espero que tenha um bom fim de semana, porque merece.

Curiosamente, nesta sexta-feira, Alonso esteve ausente por estar "indisposto". Suspeito que tenha sido apanhado pelo "mal de Moctezuma". Se assim for, as melhoras!     

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