Que dia agitado para o futebol português! Como esperava esta madrugada, a noticia do despedimento de José Mourinho do Chelsea abriu os noticiários e fez a primeira página dos jornais. A esta hora, ao mesmo tempo em que se disputam os jogos das competições europeias (União de Leiria, Paços de Ferreira, Belenenses e Braga jogam a passagem para a eliminatória seguinte), a noticia de que o "Special One" está no desemprego, é no mínimo desconcertante.
Eu sei que Roman Abramovich tem dinheiro a rodos, mas percebe-se que ele deve ter aquela tentação que acompanha todos os presidentes: querer mandar na equipa técnica. Como é ele que contrata e despede treinadores, acha que deve ter mão na escolha do "11 inicial" ou nos jogadores que quer contratar. Se o treinador pedir um defesa, o presidente aca que deve contratar um avançado, e coisas assim... quem está dentro do futebol, pode topar que a contratação de Andrei Schevchenko foi mais obra de Abramovich do que de Mourinho. Para quê ele, quando têm Didier Drogba e Frank Lampard? E ele tem que ser sempre titular. Se amonhar no banco, ele não gosta...
Também tem outra coisa: Mourinho quer ter controlo total no plantel. Abramovich não. As escolhas impostas pelo multimilionário russo nos últimos tempos serviram para afrontar Mourinho. O seu substituto, o israelita Avram Grant, tinha sido contratado no Verão para ser o director desportivo, algo que o "Special One" se opôs. A ideia que fica é a de que Abramovich apostou no desgaste, e conseguiu. Agora tem que provar que têm razão, caso contrário, os adeptos vão cobrar, e muito. Algo me diz que ele pode ter ganho no curto prazo, mas no longo prazo, o português rirá muito melhor...
Segunda pergunta: para onde ele irá agora? Há duas boas hipóteses. A primeira chama-se Barcelona. E porquê? É um sitio onde ele trabalhou antes, como adjunto de Bobby Robson e Louis Van Gaal, e depois, tem o seu treinador, Frank Rijkaard, numa situação perigosa, pois na La Liga, o clube catalão está a marcar passo, enquanto que o seu rival, o Real Madrid, comanda destacado a competição. Nâo era uma má ideia o regresso a casa, e isso poderá acontecer bem antes, caso a malapata continue... e ao "Barça", não falta dinheiro.
A segunda boa hipótese é a Selecção Nacional. Soube-se esta tarde que Luiz Filipe Scolari apanhou quatro jogos de suspensão, devido à agressão a Dragutinovic, no final do jogo Portugal - Sérvia. Ora, são exactamente o mesmo número de jogos que faltam para acabar a fase de qualificação, e como sabem, Portugal está na corda bamba, é terceiro, a dois pontos da Finlândia. Scolari e a Federação vão recorrer do castigo (a propósito: o jogador sérvio levou dois jogos de suspensão).
O futuro é indefinido, mas pode - se colocar esta hipótese: e se Scolari for embora antes do final do contrato? É verdade que ele está ligado à Federação até Junho de 2008, e já afirmou algumas vezes que ele pretende treinar um clube depois dessa data. E se as coisas se anteciparem? Certamente que a Federação quererá alguém tão bom como ele.
E é aí que entra Mourinho: sempre quis treinar a Selecção, mas nunca antes dos 55 anos. Ele afirmou que primeiro quer tentar treinar num clube italiano, para ver como é que ele se safava, e só depois iria aceitar o desafio da Selecção. E se as prioridades se inverterem? Em muitos aspectos, o Destino somos nós que o construimos... Eu gostava de o ver por aí pelo menos depois de 2008. Tinha a certeza de que, com trabalho, seriamos Campeões do Mundo!
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