sexta-feira, 2 de julho de 2010

Extra-Campeonato: o fim da linha para o Brasil

Surpreso com o resultado? Um pouco, confesso. Mas sabia perfeitamente que a Holanda era uma daquelas boas equipas deste Mundial, a par da Argentina, Uruguai ou a Alemanha, mas esta última era mais no sentido da eficácia do que no resto. Sabia que seria um jogo decisivo, um jogo entre duas boas equipas, do qual uma delas teria de sair, com muita pena nossa. Mas aquela que poucos pensariam, foi a derrotada. O Brasil.

A maior parte das pessoas julga que é só com talento que se ganham jogos. Já não estamos no tempo em que todos jogam em 3-4-3 ou 4-2-4 e que todos os jogos tem de ser ganhos no mínimo por 4-0, todos eles golos de bicicleta. Mas também, para ser eficaz, não se deve matar a criatividade. Acho que a equipa do Dunga era isso: pouco criativa, pouco alegre. Fazia lembrar uma Selecção dos tempos do Sebastião Lanzaroni ou coisa assim...

Sou daqueles que diz que o Brasil é uma equipa que sofre com a sua abundância. Se todos os seus estados fossem independentes, todos eles seriam candidatos ao título mundial. O problema vai ser sempre escolher os 23 eleitos para o escrete, vi (e li) as criticas da imprensa sobre as escolhas do Dunga, porque os jornalistas queriam o Neymar, Pato e o Ganso, o Ronaldinho Gaúcho e até o gordo do Ronaldo. Digo aos meus amigos, meio a sério, meio a brincar, que esta deveria ser a unica selecção mundialista que deveria ser convocada por referendo, pois assim se calhar acabariam as polémicas entre os jornais brasileiros.

Agora, claro, todos querem a cabeça do Dunga, afirmando que tinham razão quando criticavam as suas escolhas. Francamente, acho que isso é um insulto. Porque dão aos treinadores de bancada uma razão que nunca tiveram. E também estão a dizer aos adversários que ganharam porque os outros deixaram, o que é uma idiotice, para ser sincero.

Vou ter pena do Dunga, e do seu sucessor. Como o próximo Mundial será em 2014, em paragens de Vera Cruz, a pressão será ainda pior. Nâo haverá jogos de qualificação, andarão quatro anos a fazer jogos particulares e a participar na Copa América e pouco mais. Esse treinador terá de fazer uma selecção para o "hexa" que mais do que uma aspiração, é uma exigência. O Brasil nunca admitirá um segundo "Maracanazo". Aliás, o povão acha que este Mundial é deles por antecipação, e que as restantes 31 equipas lutarão entre si para para terem o previlégio de serem derrotadas copiosamente pelo Brasil. Em suma, por ali não se trata de um problema de selecção. Tem a ver com a auto-estima do brasileiro, uma questão psico-sociológica.

Nada de anormal, num país que reclama Deus como seu...

1 comentário:

Walter disse...

Perfeito, Speeder, perfeito!

Esse é o signo de 2014: 31 equipes disputando o direito de perder para o Brasil, na final.

Se houver 'marmeladas' no futebol -- eu acho que tem -- a FIFA, os fabricantes de materiais esportivos e todos os profissionais envolvidos, trabalharão para o Brasil ser Hexa.

Mas, para nós brasileiros, 2014 é isso: 31 equipes disputando para saber quem perderá a final para o Brasil.

Não sei sei acho isso bom. Acho que não acho.