domingo, 24 de maio de 2015

Formula 1 2015 - Ronda 6, Monaco (Corrida)

O Grande Prémio do Mónaco é um clássico, como sabem. Mas uma das coisas dos quais contribui para esse misticismo são os seus episódios. Quem conhece a sua história, sabe dos eventos em 1955, quando Alberto Ascari acabou no fundo da baía. Ou em 1970, quando Jack Brabham falhou a travagem para a última curva, na última volta, entregando a vitoria de bandeja a Jochen Rindt. Ou em 1982, onde no meio de tanta confusão, ninguém sabia quem tinha realmente vencido a corrida. E quem não se lembra de 1992, quando Nigel Mansell entregou uma vitória de bandeja a Ayrton Senna por causa de um furo lento? Pois é... esse circuito é capaz de passar do aborrecimento total para a excitação total num instante.

Esse momento aconteceu na volta 68, quando Max Verstappen tentou passar Romain Grosjean para o último lugar pontuável, mas a ultrapassagem foi mal calculada e o jovem holandês bateu nos "rails" de proteção em Ste. Devote, causando a entrada do Safety Car. Até ali, a corrida estava a ser um longo bocejo. A partir dali, tornou-se num dos mais excitantes dos últimos anos. E tudo isso aconteceu por causa de uma pessoa: Lewis Hamilton.

Poder-se-ia dizer que ele está a caminho de ser outro Nigel Mansell, se o erro tivesse sido dele, mas não. O erro foi da equipa, que o chamou para trocar de pneus nesse momento, quando tinha mais de 15 segundos de avanço sobre Nico Rosberg. O que não sabiam era que, nem o alemão, nem Sebastian Vettel, iriam trocar de pneus, e quando voltou à pista, iria ficar atrás de ambos os pilotos. E se nenhum deles fosse trocar até ao final da corrida, a sua manobra seria considerada como um erro crasso. 

Quando dez voltas depois, foi mostrada a bandeira de xadrez, Nico Rosberg comemorava o seu terceiro triunfo consecutivo, provavelmente o mais inesperado de todos. E Lewis Hamilton era o piloto mais desiludido de todos devido ao erro cometido, e também por ter visto aproximar o seu companheiro de equipa e dar mais fôlego a um campeonato que parecia ser um passeio para o inglês, rumo ao tricampeonato. E iria exigir a Toto Wolff e a Niki Lauda algumas cabeças.

E se Verstappen não tivesse batido, nada disto teria acontecido. E escreveria agora de um longo bocejo, de uma corrida sem história.

Mas mesmo assim, houve episódios interessantes. Depois do monopólio Mercedes no sábado, a corrida começou sem grandes incidentes em Ste. Devote, mas os problemas aconteceriam mais adiante, em Mirabeau, quando Fernando Alonso tocou em Nico Hulkenberg e teve de trocar de asa. Os comissários, atentos, viram o incidente e disseram que o piloto espanhol era culpado, penalizando-o em cinco segundos ao tempo final da prova.

Atrás, Felipe Massa também teve problemas. Um toque no seu carro causou-lhe um furo, que o arrastou e o colocou nas boxes, fazendo cair para a cauda do pelotão.

Com isso tudo a acontecer, Lewis Hamilton começava a abrir vantagem sobre Nico Rosberg, aos poucos e poucos, estava a fazer a corrida que queria fazer, para mostrar ao mundo que é o melhor piloto com o melhor carro. Sem erros, sem excessos. Atrás, Nico Rosberg segurava Sebastian Vettel, em ritmos idênticos, mas tinha alturas em que era o alemão da Ferrari a forçar o ritmo para acompanhar o alemão da Mercedes.

A primeira desistência acontece na volta 5, quando Pastor Maldonado se envolve num acidente com Max Verstappen na luta pelo oitavo posto e acaba com o piloto da Lotus a não pontuar mais uma vez nesta temporada.

A seguir, a prova ganhou interesse nas primeiras paragens nas boxes, na volta 25, Por essa altura, Hamilton tinha uma vantagem de quatro segundos sobre Rosberg, e o alemão iria perder mais segundos porque não conseguia negociar os pilotos dobrados melhor do que o seu companheiro de equipa.

Após a metade da corrida, havia novidades interessantes: os McLaren estavam em zona de pontos, com Fernando Alonso na frente de Jenson Button, enquanto que Felipe Nasr estava a fazer uma boa corrida e tinha recuperado do 17º posto para andar na zona de pontuação. Mas isso não era nada comparado com Sergio Perez, que era sétimo. Por essa altura, o carro de Alonso parou em St. Devote, devido a problemas com a sua caixa de velocidades.

A partir dali, o assunto de interesse era Max Verstappen, que fazia uma corrida de recuperação. Depois de passar Carlos Sainz Jr, ficou atrás de Romain Grosjean, numa luta pelo último lugar pontuável. Aproveitando o ritmo de Sebastian Vettel (tinha uma volta a menos), ele aproximava-se dos lugares pontuáveis, graças à melhor eficácia dos seus pneus super moles. Uma primeira tentativa, no gancho do hotel Loews, não deu certo, mas o holandês não deixou de tentar. Até à volta 68. E a partir dali, conhecemos a história.

Agora, com o erro admitido e as desculpas dadas pela Mercedes, resta ver como está o campeonato. A ideia de "passeio" está colocada de lado, pois após seis corridas, três delas não foram ganhas por Hamilton. E ao ver Nico Rosberg vencer pela segunda vez consecutiva, fez reduzir a diferença para dez pontos, enquanto que Sebastian Vettel observa-os e tenta não perder muitos pontos. Mas parece que o terceiro lugar está cada vez a ser mais seu, já que têm mais 38 pontos do que o seu companheiro de equipa...

E pela primeira vez, a McLaren pontua em 2015. Espero que seja o principio de um percurso ascendente...

No Canadá, haverá mais.

1 comentário:

Paulo Moreira disse...

Tenho andado um bocado distanciado da F1 mas ontem vi a corrida mas sem conseguir ouvir os comentarios e quando o safety car estava em pista vi que vários pilotos o ultrapassaram, provavelmente alguns atraados. Quando eu seguia a F1 isso não era possivel, agora as regras mudaram ou o que se passou?

Abraço