
O pelotão da Formula 1 voltava a Nurburgring, mas não era ao fomoso e temido Nordschleiffe, aquele circuito de 22 quilómetros, com dezenas de curvas, e que reclamara a vida de vários pilotos desde a sua inauguração, em 1927. Na realidade, a Formula 1 corria num novo circuito, desenhado a partir do Sudschleife, mais pequeno (cerca de sete quilómetros), e que tinha sido renovado a partir de 1981, sendo inaugurado em Maio de 1984, numa prova de Mercedes 190, corridos por diversos campeões do Mundo e vencida à chuva por um jovem Ayrton Senna.
O novo Nurburgring era moderno, com escapatórias largas, mas os pilotos acharam-no pouco desafiador e até... aborrecido de guiar. Quando o pelotão da Formula 1 chegou ao circuito alemão, muitas coisas tinham acontecido naquele mês de ausência. Ayrton Senna estava de volta à Toleman, passado o GP de castigo que Alex Hawkridge tinha imposto ao seu jovem e talentoso pupilo, por ter assinado o contrato com a Lotus sem o seu conhecimento. Stefan Johansson tinha ficado na equipa, dado ter sido muito útil em Monza. Na Spirit, o italiano Mauro Baldi substituia o holandês Huub Rothengarter e ficava por lá até ao final da temporada.
A Zakspeed iria estrear-se na Formula 1 em 1985, e apresentou o seu novo carro, com algo original: para além do chassis, iria construir o seu próprio motor Turbo. Outra equipa alemã, a ATS, iria perder os seus motores BMW Turbo no final da temporada, ao mesmo tempo que Gunther Schmid despedia Manfred Winkelhock em favor do novo recruta austriaco, Gerhard Berger.
Entretanto, a Michelin anunciava em Nurburging que iria retirar-se no final da temporada, deixando McLaren, Lotus, Brabham, Toleman e Ligier à procura de um novo fornecedor. A equipa de Ron Dennis cedo assinou um contrato com a Goodyear, e a Brabham fazia o mesmo com a Pirelli, mas as três outras equipas ainda não tinham encontrado um substituto, e isso era particularmente grave na toleman, pois tinha saído em litigio com a Goodyear, no inicio do ano, e a Pirelli estava relutante em fornecer pneus a eles.
Para finalizar, em Nurburgring fora apresentado o projecto de uma equipa americana na Formula 1. Carl Haas, um antigo piloto e agora co-dono de uma equipa na CART com o actor de Hollywood e (bom) piloto nas horas vagas Paul Newman, a Newman-Haas, iria montar uma equipa com motores Ford Turbo e tinha o apoio da companhia de supermercados Beatrice. A entrada iria acontecer em 1985, mas seria em part-time, para depois entrar full-time em 1986. Quanto ao chassis, em principio iria escolher a Lola para o ajudar no projecto.
No meio desta maré de anuncios para o futuro, acontecia a competição pura e dura. No final dos dois dias de qualificação, Nelson Piquet, no seu Brabham-BMW, foi o melhor pela oitava vez naquela época, com Alain Prost a seu lado. Na segunda fila estavam o Renault de Patrick Tambay e o Williams-Honda de Keke Rosberg, enquanto que a terceira fila era toda da Ferrari, com Michele Alboreto à frente de René Arnoux. O sétimo a largar era o segundo Renault de Derek Warwick, com o Lotus de Nigel Mansell logo a seguir, e a fechar o "top ten" estavam o Alfa Romeo de Riccardo Patrese e o segundo Brabham de Teo Fabi. Niki Lauda era apenas o 15º a partir, não muito longe do seu compatriota Gerhard Berger, que era 18º no seu ATS. À frente destes dois estava Ayrton Senna, que largava na 12ª posição.


No final da primeira volta, Prost lidera, seguido de Tambay, Piquet, Warwick, os dois Ferrari e os dois Alfas. Entretanto, Lauda aproveitava para escapar da carambola na volta inicial e na quinta volta já era sexto, depois de ultrapassar Arnoux. As coisas permaneceram inalteráveis até à volta 43 (apesar de um pião de Lauda, umas voltas antes), altura em que Tambay tem um problema eléctrico e fica para trás. Acaba por desistir umas voltas mais tarde.
Assim, Piquet era segundo e Warwick o terceiro, mas pouco depois, era a vez do inglês desistir quando o seu motor Renault sobreaqueceu, devido a um problema numa valvula. Por essa altura, Alboreto tinha ficado próximo de Piquet, e ultrapassou-o quando o piloto brasileiro ficou sem combustivel a poucos metros da meta. Aliás, ambos estavam quase sem gota nos seus depósitos, mas foram capazes de cruzar a meta e subir ao pódio... apesar de pararem uns metros depois. Lauda era quarto classificado, René Arnoux e Riccardo Patrese fechavam os lugares pontuáveis.

1 comentário:
Com a vitória, Prost (vice) soma 62,5 pontos e está com 3,5 pontos de desvantagem para Lauda (líder), que marcou 3 pontos com o 4º lugar e soma 66 pontos.
Com os resultados dos pilotos da McLaren na pista alemã, o campeonato não define o campeão da temporada de 1984 e vai para Estoril, Portugal (última prova).
Chances de ser campeão de Niki Lauda e Alain Prost:
Lauda campeão:
- vitória: ratifica a conquista;
- 2º lugar: Prost vence, porque o austríaco leva a taça com 0,5 ponto de vantagem (72 X 71,5);
- 3º ou 4º lugar: Prost terminar em 2º (70 X 68,5 ou 69 X 68,5);
- 5º ou 6º lugar: Prost terminar em 3º (68 X 66,5 ou 67 X 66,5) e
- não pontuar: Prost terminar em 4º lugar (66 X 65,5).
Prost campeão:
- vitória: Lauda terminar em 3º (71,5 X 70);
- 2º lugar: Lauda terminar em 5º (68,5 X 68) e
- 3º lugar: Lauda não pode marcar ponto algum (66,5 X 66).
Notas:
- 15ª vitória de Alain Prost e
- a última vez que a equipe Alfa Romeo pontuou na categoria com o 6º lugar (1 ponto) de Riccardo Patrese.
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