sexta-feira, 3 de abril de 2020

A imagem do dia

Se fosse vivo, Jack Brabham teria feito ontem 94 anos de idade. Em 2014, alguns meses antes de morrer, o patriarca da familia e da equipa com o mesmo nome, sentou-se e falou com o jornalista australiano Gordon Lomas, um dos melhores do seu país, para falar da sua longa carreira de alguns momentos inesquéciveis. Uma delas envolveu Jim Clark., o melhor piloto dos anos 60, bicampeão do mundo e morto em 1968, em Hockenheim, durante uma corrida de Formula 2.

No GP de Itália de 1961, com os pilotos da Ferrari a lutarem pelo título mundial, Wolfgang Von Trips lutava pelo título com Phil Hill. Contudo, no final da segunda volta,  o alemão envolveu-se com o Lotus de Jim Clark e o carro acabou contra os espectadores, matando-o e a mais 14 espectadores. No final da corrida, Clark era um homem procurado pela policia local, que o queria interrogar por causa do seu envolvimento no acidente, e Colin Chapman queria tirá-lo de Itália sem dar nas vistas.

"Colin Chapman veio ter comigo, porque em Itália, quando há um acidente, eles detêm quem se envolve nisto para averiguações. Colin não queria isso, queria-o na Grã-Bretanha o mais cedo possível e me perguntou se o poderia levar no meu avião. Então decidimos passar pela aduaneira do aeroporto, dissemos que iriamos reabastecer, deixamo-lo no avião, voltamos e esperou por nós até acabarmos tudo, pegarmos no avião e regressar a casa."

Clark demorou cerca de três anos até que as autoridades o ilibarem do seu envolvimento no acidente, e até ali, sempre que ia a Itália não passava bons bocados.

Para Brabham, uma personagem única do automobilismo - duas vezes campeão do mundo antes de fundar a sua própria equipa, vencer corridas e ser campeão do mundo com o seu próprio carro, aos 40 anos de idade - a sua carreira foi muito longa, começando no final da II Guerra Mundial para acabar em 1970, ainda com todas as suas faculdades, e a vencer uma corrida e acabar na quinta posição. Sobreviveu a todas as armadilhas do automobilismo, que viu morrer muitos dos seus colegas, enquanto corrida e fazia prosperar o seu negócio, ao lado de Ron Tauranac. No final, não só saiu vivo de todo o tipo de carros, quer na Cooper, quer na sua própria equipa, na Formula 1 e IndyCar, be como algumas passagens pela Endurance e nos Superturismos australianos, competindo até perto dos 60 anos.

Ao ver estas entrevistas, pode-se ver o tipo de pessoa que foi e como consolidou a sua lenda. Não existe mais a pessoa, resta a história.

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