quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Comparando temporadas com vinhos...

O jornal português Autosport decidiu fazer um exercício de comparação de temporadas com as grandes castas de vinho, ou seja, as colheitas excepcionais que as vindimas algumas vezes nos trazem, devido a factores como o clima e o solo. E a razão para este comparativo foi... a temporada deste ano.


Luis Vasconcelos e José Miguel Barros foram os jornalistas visados, e responderam assim:



Luis Vasconcelos

Casta extraordinária: 2007

«O ano de 2007 foi o mais excitante em pista. Pela primeira vez em 21 anos, tivemos três pilotos a disputarem o título, na última prova. Pela primeira vez, os três primeiros ficaram separados por um ponto. Apesar de terem sido apenas quatro os pilotos vencedores, não houve um piloto dominador e, ao lado da incrível fiabilidade dos McLaren, estiveram os Ferrari, que não foram assim tão fiáveis. 2007 foi, de facto, um campeonato excepcional, com muitas lutas em pista, como Hamilton-Massa, na Malásia; Alonso-Hamilton, na Bélgica ou Alonso-Massa, em Nurburgring. Aconteceram grandes corridas à chuva mas, infelizmente, houve um grande esforço para que tudo isto fosse estragado com manobras de bastidores e polémicas incríveis.»



Melhor vintage: 1986



«Os anos de 1988, 1989 e 1990 foram excepcionais, porque tiveram como actores principais os dois melhores pilotos do momento, o Senna e o Prost. Mas, em termos de decisão, escolho o de 1986. Foi também um ano extraordinário. Existia uma rivalidade interna na Williams, entre o Mansell e o Piquet e, tal como este ano, acabou por ser a terceira parte a aproveitar, quando os dois Williams falharam. O final do campeonato foi dramático, com o rebentamento de um pneu no carro do Nigel a mais de 300 km/h e a decisão da equipa em chamar às boxes o Piquet, quando estava no comando tranquilamente.»



José Miguel Barros



Casta extraordinária: 2007



«Este ano foi sem dúvida um ano de excelente colheita. Se não, o ano da melhor colheita. Foi disputado até ao fim por três pilotos e, só por isso, tem que ser um ano relevante. Porém, pela primeira vez foi disputado até ao fim por um piloto estreante, o Lewis Hamilton. Isso é algo muito raro, e que indicia estarmos na presença de um piloto de grande talento, da mesma casta de um Ayrton Senna ou de um Michael Schumacher


Melhor vintage: 1981


«O ano de 1986 foi um bom ano. Mas, para mim, realço o de 1981. Foi um campeonato muito aberto, muito disputado e em que a rivalidade se estendeu entre os Williams e os Ligier. Era o tempo dos carros-asa e a luta entre o Nelson Piquet e o Carlos Reutemann foi muito interessante de seguir. O argentino podia ter ganho o título, mas não se aguentou na última corrida, apesar de ter todas as condições para isso.»



Eu concordo com os dois em relação a 2007: foi um boa "casta", apesar de termos tido Grandes Prémios muito aborrecidos (Turquia e França) e termos tido excitação até ao último Grande Prémio. Dispensava o "Stephneygate/McLarengate", que como é obvio, envenenou o "paddock" e deu origem a muitas noticias disparatadas. Mas enfim, acho que isso não estragou muito o espectáculo. E os "Ferraristas", que queriam a exclusão da McLaren, até esqueceram disso, pois os títulos foram para eles...



Quanto à melhor de sempre? Eu acho que vou pela pena do Luis Vasconcelos, ao escolher a temporada de 1986. Tivemos quatro pilotos a lutar pelo título até ao GP de Portugal, e tivemos um campeão improvável, que foi Alain Prost. que conseguiu bater os Williams que dominaram o panorama naquele ano.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, está cada vez mais dificil vener revista. Mas esta idéia até que mostra uma certa criatividade.

Mas o que será que o Hector Rebaque faz ali, qunado se fala da temporada de 1981 e o titulo do Piquet...?

Speeder76 disse...

Por uma razão simples, Mario: não tenho fotos do Piquet desse ano...