segunda-feira, 4 de novembro de 2013

No Nobres do Grid deste mês...

"Guy Edwards é inglês. Emilio de Villota é espanhol. E têm muita coisa em comum. Primeiro que tudo, tornaram-se pilotos e cresceram nos anos 70, uma altura em que era comum morrerem dois pilotos por ano, pelo menos na Formula 1, para além de mais de uma dezena nas várias competições de automóvel. Os chassis na altura eram de alumínio, os depósitos de gasolina eram vulneráveis, as barreiras de proteção eram escassas e pouco protegiam os pilotos, e os circuitos eram enormes e potencialmente perigosos em qualquer situação, ainda mais à chuva ou ao nevoeiro. (...)"

(...) "Ao contrário de [John] Surtees, as carreiras de Guy Edwards e Emilio de Villota na Formula 1 foram discretas. Nunca pontuaram e e em muitas das vezes, as suas tentativas resultavam em não-qualificações. Foram habituais ocupantes do fundo do pelotão, mas no caso de Edwards, por uma vez esteve nas manchetes dos jornais por um feito: a 1 de agosto de 1976, guiando um Hesketh, ele e mais três pilotos – Harald Ertl, Arturo Merzário e Brett Lunger - conseguiram salvar o austríaco Niki Lauda das chamas que consumiam o seu Ferrari. O austríaco sobreviveu a uma morte certa, mas não evitou ficar com a cara marcada para sempre, e voltou ao cockpit 40 dias depois. Pelos seus feitos, Edwards acabou o ano a ser condecorado pela Rainha, que lhe concedeu a “Queen’s Gallantry Medal”. (...)

(...) "Os três acabaram por ter filhos, e quando eles decidiram que queriam ser pilotos, tal como eles tinham sido, eles ficaram aliviados pelo facto de os nossos tempos serem totalmente diferentes: a segurança dos carros e dos circuitos aumentou de tal forma que um acidente mortal tornou-se em algo tão raro que roça o impossível. É verdade, mas essa redução não chegou a zero. Toda a gente sabe que o automobilismo continua a ser um desporto perigoso, só que não lembramos muito disso porque, ao contrário do que acontecia nos anos 60 e 70, já não morrem tantos pilotos." (...)

Num espaço de três dias, Guy Edwards e Emilio de Villota viveram a suprema ironia de ver os seus filhos, que também seguiram a carreira de pilotos, morrerem. Maria de Villota, filha de Emilio, morreu num hotel de Sevilha vitima das consequências do seu acidente de julho do ano passado, quando conduzia um Marussia de Formula 1 no Aerodromo de Duxbury, onde ficou com graves lesões cranianas e a perda do seu olho direito. Quanto a Sean Edwards, filho de Guy, era um talentoso piloto na Porsche Supercup quando na segunda-feira, 15 de outubro, quando fazia de instrutor no Queensland Raceway, o Porsche onde seguiam se despistou e embateu violentamente nos rails de proteção, tendo morte imediata.

Aos dois pilotos, lembrei da história de John Surtees, que em 2009 viu o seu filho Henry morrer em Brands Hatch, num acidente numa prova de Formula 2. Henry tinha na altura 18 anos e parecia que iria seguir os passos do pai. E ironicamente, Sean fez do seu pai no filme "Rush", revivendo os momentos em que ele salvou Niki Lauda.

Tudo isso e muito mais podem ler na crónica deste mês do "Nobres do Grid", sob o título de "Os Sobreviventes", que podem ler a partir deste link.

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