quarta-feira, 1 de março de 2017

A(s) image(ns) do dia (II)

Há precisamente 25 anos, a Formula 1 começava a sua temporada em paragens sul-africanas. Não era novidade, pois já tinha acontecido no período entre 1967 e 1971. Mas a grande novidade era o regresso do automobilismo a aquelas paragens, sete anos depois da última vez, e desta vez em circunstâncias mais benévolas.

Em 1985, a Formula 1 era o "mau da fita" pois furava o boicote desportivo que tinha sido colocado pelo resto do mundo contra o regime do apartheid, a minoria branca que não dava todos os direitos à maioria negra. Com esse governo a segregar todos os aspectos da vida, incluindo a desportiva, o resto do mundo decidiu que não iria conviver com eles, a não ser que fizessem equipas multi-raciais. Com essa recusa, eles acabaram por ser banidos da FIFA, do Comité Olimpico Internacional, e mesmo em modalidades onde eram uma potência, como o rugby e o cricket, eles não eram convidados a jogar, e mesmo quando eram, existiam multidões que iriam protestar nos recintos dos jogos, como aconteceu na Nova Zelândia em 1981.

Apesar de protestos e ameaças, a corrida aconteceu, mesmo sem a presença de Ligier e Renault. Mas depois a FISA não lá foi até que o regime foi mudado de forma pacifica. Um novo presidente, Frederik de Klerk, decidiu legalizar o Congresso Nacional Africano (ANC, a sua sigla inglesa) e libertou o seu líder, Nelson Mandela, após 27 anos de cativeiro. O regime foi desmantelado, mas em 1992, a situação ainda era de transição quando a Formula 1 decidiu ir para Kyalami correr o GP sul-africano.

Contudo, era uma pista diferente daquela com quem tinham andado sete anos antes. Em 1988, a pista foi reconstruida, e na parte a partir da curva Crawthorne, um novo traçado foi desenhado. A pista perdia velocidade a favor da sinuosidade, mas não deixou de atrair multidões.

A corrida não foi espectacular. Nigel Mansell dominou de ponta a ponta, começando ali o dominio dos Williams FW14 e uma cavalgada que iria acabar em agosto, no Hungaroring, com o "brutânico" a sagrar-se campeão do mundo, poucos dias depois de completar 39 anos. 

Quanto a Kyalami, só voltaria a acolher mais uma corrida no ano seguinte. O promotor faliu e a Formula 1 saiu de lá, não voltando mais até aos dias de hoje.

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