Todos falam de Imola, 1994 como sendo o pior acidente da história do automobilismo. Não é. Nem sequer é da Formula 1. Sendo um desporto perigoso que é, certamente custou a vida de muitos pilotos, mas nunca tantos acabaram no hospital ou na morgue como aquele que aconteceu no fim de semana de 18 e 19 de junho de 1960, no circuito de Spa-Francochamps, na Bélgica. Quando essa corrida terminou, com a vitória de Jack Brabham, dois pilotos estavam mortos e outros dois gravemente feridos. E entre as vitimas esteve o primeiro dos pilotos ao serviço da Lotus, e alguns diziam ser tão bom como Jim Clark. Um dos feridos era Stirling Moss.
Em 1960, a televisão estava na sua infância, embora já tivessem sido transmitidas algumas corridas na Europa, entre os quais o GP do Mónaco. Mas sem gravações que tenham sobrevivido até aos nossos dias, pois não havia o cuidado pela conservação de fitas, nem se sabe se esta corrida teve transmissão televisiva por parte das cadeias locais. Provavelmente isso explica o pouco conhecimento deste fim de semana de Grande Prémio, ou porque não teve tanto impacto como, por exemplo, o acidente das 24 Horas de Le Mans de 1955, apenas cinco anos antes, e que matou mais de 80 pessoas. (,,,)
Com Brabham na liderança, e sem adversários à altura, os motivos de interesse aconteciam logo atrás. O local Gendebien ficou com o segundo posto, mas cedo foi passado pelo Lotus de Ireland, que andou na perseguição a Brabham. Contudo, na volta treze, sofreu um pião devido a problemas de embraiagem e não conseguiu voltar à corrida. O lugar voltou a ser ocupado por Gendebien, mas cedo foi ultrapassado por Bruce McLaren.
(...)
Por esta altura, Chris Bristow e Willy Mairesse lutavam pelo sexto posto, o ultimo lugar pontuável. Ambos eram conhecidos pelo seu estilo agressivo. Bristow, nascido em 1937 em Londres, era dos mais jovens do pelotão, ao lado de Bruce McLaren, mas enquanto o neozelandês era mais ponderado, Bristow era rude. Filho do dono de um concessionário de automóveis em Londres, era conhecido pelo apelido de "o homem selvagem do automobilismo britânico", a sua velocidade pura deu-lhe uma ascensão meteórica para a Formula 1. Naquela temporada, a Yeoman Credit, a equipa de Reg Parnell, dera-lhe um Cooper para competir, e nas três corridas em que participou, a sua velocidade não lhe tinha dado qualquer chegada, mas sabia-se do seu potencial... se alguém o conseguisse domar.
Já Mairesse, nove anos mais velho e bom conhecedor da pista belga, estava a ter a sua estreia na Formula 1 pela Ferrari, depois de ter segurado um lugar na Scuderia no ano anterior. Tinha andado na Endurance, e a sua vontade de correr começava a ser lendária. Certo dia, Peter Revson, no inicio da sua carreira, tinha dito que "olhar para Mairesse antes da partida era como observar o Diabo a correr".
Assim sendo, como nenhum deles cedia posição, eles corriam nos seus limites, até que alguém cedesse. E foi assim na volta 18, quando ambos os carros passavam pela curva Bruneville. Ali, o Cooper de Bristow perdeu o controle e bateu forte na berma, matando-o instantaneamente. (...)
Em 1960, a televisão estava na sua infância, embora já tivessem sido transmitidas algumas corridas na Europa, entre os quais o GP do Mónaco. Mas sem gravações que tenham sobrevivido até aos nossos dias, pois não havia o cuidado pela conservação de fitas, nem se sabe se esta corrida teve transmissão televisiva por parte das cadeias locais. Provavelmente isso explica o pouco conhecimento deste fim de semana de Grande Prémio, ou porque não teve tanto impacto como, por exemplo, o acidente das 24 Horas de Le Mans de 1955, apenas cinco anos antes, e que matou mais de 80 pessoas. (,,,)
Com Brabham na liderança, e sem adversários à altura, os motivos de interesse aconteciam logo atrás. O local Gendebien ficou com o segundo posto, mas cedo foi passado pelo Lotus de Ireland, que andou na perseguição a Brabham. Contudo, na volta treze, sofreu um pião devido a problemas de embraiagem e não conseguiu voltar à corrida. O lugar voltou a ser ocupado por Gendebien, mas cedo foi ultrapassado por Bruce McLaren.
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Por esta altura, Chris Bristow e Willy Mairesse lutavam pelo sexto posto, o ultimo lugar pontuável. Ambos eram conhecidos pelo seu estilo agressivo. Bristow, nascido em 1937 em Londres, era dos mais jovens do pelotão, ao lado de Bruce McLaren, mas enquanto o neozelandês era mais ponderado, Bristow era rude. Filho do dono de um concessionário de automóveis em Londres, era conhecido pelo apelido de "o homem selvagem do automobilismo britânico", a sua velocidade pura deu-lhe uma ascensão meteórica para a Formula 1. Naquela temporada, a Yeoman Credit, a equipa de Reg Parnell, dera-lhe um Cooper para competir, e nas três corridas em que participou, a sua velocidade não lhe tinha dado qualquer chegada, mas sabia-se do seu potencial... se alguém o conseguisse domar.
Já Mairesse, nove anos mais velho e bom conhecedor da pista belga, estava a ter a sua estreia na Formula 1 pela Ferrari, depois de ter segurado um lugar na Scuderia no ano anterior. Tinha andado na Endurance, e a sua vontade de correr começava a ser lendária. Certo dia, Peter Revson, no inicio da sua carreira, tinha dito que "olhar para Mairesse antes da partida era como observar o Diabo a correr".
Assim sendo, como nenhum deles cedia posição, eles corriam nos seus limites, até que alguém cedesse. E foi assim na volta 18, quando ambos os carros passavam pela curva Bruneville. Ali, o Cooper de Bristow perdeu o controle e bateu forte na berma, matando-o instantaneamente. (...)
Hoje em dia, quase ninguém sabe quem foi Chris Bristow e Alan Stacey. Mas ambos morreram num dia de há quase 60 anos, com poucas voltas de diferença, e em circunstâncias macabras. E mesmo assim, a corrida não foi parada. Contudo, este dia é dos mais trágicos da Formula 1, com um paralelismo apenas encontrado com o que aconteceu em Imola, 34 anos depois.
E é sobre esse fim de semana de há 60 anos, praticamente esquecido da memória do automobilismo, que vou falar este mês no Nobres do Grid.
E é sobre esse fim de semana de há 60 anos, praticamente esquecido da memória do automobilismo, que vou falar este mês no Nobres do Grid.
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