sábado, 1 de julho de 2023

A imagem do dia (II)



Há meio século, a Formula 1 estava a correr em Paul Ricard, onde naquela tarde de verão sem nuvens no sul de França, um piloto conseguia, por fim, quebrar o enguiço e entrar na galeria dos vencedores. E quem assistiu a isso, sabia que era uma vitória popular, numa corrida relativamente agitada.  

Quando a Formula 1 chegou para disputar o GP de França de 1973, Ronnie Peterson ia na sua quarta temporada, e embora tinha mostrado toda a sua velocidade na March (foi o primeiro piloto contratado por Max Mosley, um dos fundadores), e por causa disso, tinha ido para a Lotus, no inicio da temporada, ele nunca tinha ganho qualquer corrida. Apesar dos oito pódios e do título de bica-campeão, em 1971. 

Nascido a 14 de fevereiro de 1948, na cidade sueca de Orebro, tinha mostrado ao resto do mundo pela sua rapidez e técnica, permitindo passar da Formula 3, em 1966, com um chassis próprio, fabricado pelo seu pai, um padeiro com talento para a engenharia, para a Formula 1 quatro temporadas depois, primeiro com um chassis March comprado pelo britânico Colin Crabbe, para chegar à equipa principal, e ter como companheiro de equipa um austríaco chamado Niki Lauda

Em 1973, na Lotus, Peterson mostrou toda a sua rapidez. Fez pole-position em quatro corridas: Interlagos, Montjuich, Zolder e Anderstorp, na sua Suécia natal. Mas desistiu nas quatro das cinco primeiras corridas, e foi um apagado 11º naquela que chegou ao fim, a seis voltas do vencedor. Contudo, o terceiro lugar em Monte Carlo, atrás de Jackie Stewart e Emerson Fittipaldi, e o segundo posto na pista sueca, soube a pouco, porque a vitória foi-lhe tirada na última volta por um Dennis Hulme a cavalgar nas últimas voltas, para dar à McLaren a sua primeira vitória da temporada. 

Os 10 pontos que tinha então davam-lhe o sexto posto da geral, mas todos sabiam que era muito pouco, porque tinha um carro potencialmente vencedor, e uma atitude de acelerar sempre. Tinha tudo para vencer. Só lhe faltava estar no lugar certo, na hora certa, de preferência, na última volta. 

Ao contrario das outras corridas, Peterson largava de quinto, batido por Jackie Stewart, com Emerson Fittipaldi em terceiro, batido por um prodigioso Jody Scheckter, um jovem sul-africano com um pé muito pesado, e que corria no lugar de Peter Revson, que tinha compromissos na América naquele fim de semana. Imediatamente á sua frente de Peterson estava o outro Tyrrell de Francois Cevért, que corria em casa. 

Na partida, Scheckter surpreendeu tudo e todos e foi para a frente, e nas voltas seguintes, resistiu aos ataques de Fittipaldi. O brasileiro queria encontrar uma oportunidade, e no final da volta 41, forçou a ultrapassagem, e a colisão foi inevitável. Ambos acabaram por desistir, com acusações mútuas de terem causado o acidente, mas isso deixou Peterson com a liderança no colo, e por essa altura, já estava distante de qualquer ameaça, só tinha de levar o carro para casa. 

Claro, até à bandeira de xadrez, ficou ainda mais alerta. E se calhar, até ver a meta, a bandeira e o gesto de Colin Chapman de largar o chapéu no ar, da mesma forma que tinha feito a Jim Clark, Graham Hill, Jochen Rindt e Emerson Fittipaldi antes dele, deverá ter ficado ainda mais atento e ansioso. Felizmente, tudo correu bem e o sueco iria subir ao lugar mais alto do pódio e viu Chapman atirar o seu boné em sua honra. Na companhia e Cevért e Carlos Reutemann, no seu Brabham, e no seu primeiro pódio da sua carreira.    

Sem comentários: