sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Lotus que conhecemos e a nova Lotus


No mesmo dia em que comemoramos 15 anos sobre o final de uma das temporadas mais horriveis de sempre da Formula 1, com o controverso final sobejamente conhecido, coloco esta fotografia para vos lembrar de que hoje se celebra outro feito, que tem reprecussões nos dias que correm: o final da aventura da Lotus na Formula 1. Fundada por Colin Chapman, a sua primeira corrida foi no GP do Mónaco de 1958, com um modelo 16, e com Graham Hill e Cliff Allison como pilotos.


A Lotus, como sabem, é um dos nomes incontornáveis da Formula 1. Colin Chapman é provavelmente um dos homens que mais contribuiu para a evoluão da tecnologia na categoria máxima do automobilismo: o primeiro chassis monocoque, o primeiro Formula 1 com asas, o primeiro carro com radiadores nas laterais do carro, o primeiro carro com efeito-solo, o primeiro carro com suspensão activa (cujo primeiro teste aconteceu no dia da sua súbita morte, em Dezembro de 1982) tudo isso aconteceu graças ao génio da sua imaginação, como engenheiro.


Numeros de chassis como o 25, 49, 72, ou o 79 foram sinónimos de sucesso e entraram definitivamente na história do automobilismo da segunda metade do século XX. Mas nestes sucessos também existem fracassos como o 56 (carro-turbina) 63 (quatro rodas motrizes), 76 (sucessor do 72) 80 (efeito solo total) e 88 (chassis duplo, banido pela então FISA). Depois da morte de Chapman, somente os modelos Turbo como o 98T, de 1986, voltaram a dar à equipa algum do sucesso do passado.


Em 1994, a Lotus estava falida. As dividas acumulavam-se, a sua reputação estava gravemente afectada devido ao escândalo De Lorean (que explodiu meses antes de Chapman morrer, e há quem diga ainda hoje que ele não está morto) e desde a retirada da Camel em 1989, não atraia um grande patrocinio. Em Setembro, a forma entrou em "recievership" (sob a tutela de um administrador de falencias) e pedia a pilotos pagantes dinheiro para saldar as suas contas. Philippe Adams e Mika Salo foram um bom exemplo disso. Quando aquele retrato foi tirado, muitos sabiam que, a regressar, iria ser por outra equipa.


Entretanto, a Lotus Cars, um ramo autónomo da marca, também tinha dificuldades, mas poucos anos depois encontrou outro comprador: a malaia Proton. Que sempre quis resgatar o nome e alcançar o objectivo da Formula 1. Em 2009 conseguiu-o, e no GP do Bahrein de 2010, em principio, alinhará com dois carros e motor Cosworth.


Será a mesma Team Lotus F1? Não, não é. Todos nós sabemos que é uma equipa malaia, que por acaso arranjou um bom projectista, Mike Gascoyne, e um bom administrador, Tony Fernandes. Mas quando se ouve os planos que esta gente tem, topa-se que eles querem ser uma equipa malaia, que querem fazer os seus carros na Malásia, e querem ter patrocinadores, e provavelmente no fututo, pilotos malaios. Ou seja, o velho carro pintado de verde britânico com uma faixa amarela, é altamente improvável. Se calhar, veremos um carro pintado com as cores da bandeira malaia...


Digo isto depois de ler hoje a entrevista que o site brasileiro Grande Prêmio deu a Tony Fernandes. Comparado a Richard Branson, é o homem por detrás da Air Asia, que patrocina a Williams. E pelo que se lê na entrevista, topa-se que isto é uma aventura malaia do que honrar os pergaminhos do passado: "Sou excentricamente patriótico, nem posso esperar pelo dia em que verei as pessoas vestindo as camisas da Lotus estampadas com a bandeira da Malásia em alguma corrida tão estrangeira para nós quanto o GP de Mônaco." O nome Lotus entra aqui como uma parceria com a Proton, a marca que detêm a Lotus Cars, portanto, isto tudo tem como base a divisão automobtiva da marca. Sei que se chegou a um acordo com os detentores do mome Lotus, mas não creio que se está a usar a mesma designação que todos nós conhecemos.

Em suma, esta é outra encarnação, outra Lotus. A primeira fez a sua última corrida faz hoje 15 anos.

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