domingo, 8 de novembro de 2009

A entrevista a Bruno Senna

Se quisermos saber alguma coisa sobre Bruno Senna na Campos, bem como os planos desta equipa para 2010, teremos que esperar até esta Terça-feira para saberemos alguma coisa. Mas até lá, Bruno Senna aproveitou para falar à imprensa do seu país e disse algo que os mais fanático deve ter ficado chocados: seu tio não é o seu ídolo. Aliás, Bruno não tem ídolos, apenas referências.

Na entrevista à revista Veja, o entrevistador fez aquela sacramental pergunta:

- Seu tio Ayrton Senna é o seu grande ídolo?

- Vai parecer clichê, mas eu não tenho ídolos. O Ayrton é apenas uma referência. Idealizar alguém é uma péssima forma de iniciar uma carreira. Ao idealizar, você quer ser igual a essa outra pessoa. Meu objetivo não é esse.

Ao longo da entrevista, Bruno falou de como é que começou a correr e como dez anos depois da morte do seu tio, decidiu voltar às pistas, tentando convencer a sua mãe Viviane que estava determinado a seguir os passos do seu tio.

"Foi o meu avô Milton quem me colocou num kart pela primeira vez. Dos 5 aos 10 anos de idade, eu corria de kart todos os fins de semana. Quando o Ayrton faleceu, o apoio da minha família sumiu. Eu tinha 10 anos e não podia brigar pelo que queria. Não tinha como bater de frente. O clima da minha família em relação ao automobilismo ficou muito ruim. Ninguém mais assistia a corridas de Fórmula 1. Meu avô nunca mais viu um Grande Prêmio. Tive de deixar a poeira baixar (...) Nunca parei de pensar nisso. Quando tinha 18 anos, disse para a minha mãe que eu queria voltar a correr. Apesar de surpresa, ela achou que era fogo de palha e aceitou. Comecei com um kart antigo que estava na fazenda. No desespero de voltar a correr, logo no primeiro dia, dei 140 voltas sem parar. Como eu não estava preparado para toda a trepidação, quebrei uma costela de tanto que fiquei no kart. Em um ano e meio, quebrei cinco costelas. Toda vez que eu quebrava uma, ficava um mês de molho e voltava a correr. Foi aí que a minha mãe percebeu que eu não estava de brincadeira."


Outro facto interessante é sobre a sua contratação na Campos. Revelou que o acordo lhe custou zero em patrocinios, mas o seu salário não vai ser pago pela equipa.

- Quem vai bancar a sua parte?

- Ninguém. Vou entrar com zero. Fechei com a equipe espanhola Campos Meta porque eles toparam me contratar sem que eu precisasse levar dinheiro. Foi a primeira proposta que consegui obter sem ter de levar patrocínio nenhum. Serei o único estreante que não vai pagar para correr.

- Quanto você vai ganhar?

- Da equipe, nada. Nem um centavo. Mas vou poder ter meus patrocinadores pessoais e me sustentar com isso.

- O seu sobrenome ajudou na negociação?

- Claro que sim. Eles apostam no meu sobrenome famoso para atrair patrocinadores para a equipe. Por isso me liberaram do pagamento. O sobrenome Senna vai chamar atenção nas corridas e dar visibilidade às marcas que nos apoiarem. O Adrián Campos, dono da equipe, achou uma boa ideia unir o meu potencial como piloto ao potencial de marketing.



Quanto à entrevista em si (que o encontrei no Blog F-1, do Felipe Maciel), é interessante. Mostra um piloto maduro e equilibrado. Parece que, apesar dos seus 26 anos de idade, e apenas após cinco anos competitivos, sem passar pelo karting, como o seu tio, alcança a categoria máxima do automobilismo. Algo me diz que ele não vai ser influenciável. Desejo-lhe sorte na sua estreia!

1 comentário:

Daniel Médici disse...

Por discordâncias de pensamento (óbvias), não leio a revista Veja. Por isso n ão tinha entrado em contato com esta entrevista.

Fiquei perplexo em ver como a família Senna se portou após o acidente do Ayrton (não sabia que ninguém mais assistia às corridas). As declarações de Bruno me parecem bem medidas, feitas por alguém muito bem assessorado e que sabe que o peso do sobrenome é capaz de lhe esmagar (com o perdão do trocadilho) as costelas.

Acho que todo piloto é um pouco nietzscheano, embora eu aposto que ninguém no grid saberia soletrar "Nietzsche" (talvez os alemães).

O filósofo tem uma fala famosa sobre por que concebemos ídolos, e qualquer piloto profissional tem a obrigação de não tratar seus colegas, do presente e do passado, como tal.