sexta-feira, 6 de abril de 2018

Era uma vez, Jim Clark (final)

(continuação do capitulo anterior)


INICIO AUSPICIOSO, FINAL TRÁGICO


O ano de 1968 começou com Clark e a Lotus em paragens sul-africanas para disputar a primeira prova desse ano, no circuito de Kyalami. Clark não deu chances à concorrência e não só fez a pole-position, como dominou a corrida, acabando no lugar mais alto do pódio. E por essa altura, Clark tinha feito 72 corridas, todas pela equipa de Colin Chapman, e estava a comemorar em muitos aspectos. Era a sua segunda vitória seguida, a quinta com o chassis 49, a 25ª da sua carreira, batendo Juan Manuel Fangio como o maior vencedor na Formula 1. E para além disso, tinha alcançado 33 pole-positions, um recorde que parecia ser inalcançável.

Uma semana depois, estava na Nova Zelândia para disputar a Tasman Series. A bordo do mesmo chassis, mas modificado para poder receber o motor de 2.5 litros, Clark venceu quatro corridas para acabar como vencedor do campeonato pela terceira vez, tornando-se também no maior vencedor dessa série.

Clark disputou a competição até março, altura em que voltou para a Europa. A próxima corrida só aconteceria em maio, em Espanha, e dedicava-se a fazer duas coisas: testar o modelo 56 Turbina para as 500 Milhas de Indianápolis (um conceito que tinha aparecido dois anos antes e Chapman queria usá-lo a seu favor) e também ajudar a desenvolver o modelo de Formula 2 para o Europeu da categoria, no qual até se dava bem, pois no ano anterior tinha ganho quatro provas. 

O escocês estava confiante com o modelo 56 Turbina, dizendo até que aquele poderia ser a máquina no qual poderia vencer pela segunda vez a prova, mas a qualificação apenas começaria no inicio de maio. Até lá, tinha algumas provas de Formula 2 para disputar, o primeiro dos quais em Montjuich. A prova não correu bem, acabando por desistir devido a uma quebra na suspensão. Uma semana depois, a 7 de abril, iria disputar outra corrida, desta vez em Hockenheim, na Alemanha. Iria alinhar ao lado de Graham Hill, e acontecia depois de ter tido a oportunidade de fazer uma prova de Endurance em Brands Hatch, num Ford 68 inscrito pela Alan Mann Racing.

Clark acabou por ir para a Alemanha porque não só a equipa não o confirmou no carro, como também tinha uma certa aversão às corridas de Endurance, que já vinha desde o começo da sua carreira.

Nesse 7 de abril, o fim de semana foi chuvoso e com temperaturas próximas dos zero graus. Tinha havido acumulação de gelo durante a noite, e os mecânicos da Lotus andavam à volta dos seus carros, tentando resolver os problemas que se acumulavam, mas Clark andava bem disposto ao longo do fim de semana. Tinha estado num programa de televisão local no sábado e à noite, tinha estado em convívio com Kurt Aherns, num bar local. 

No domingo, mostrava-se preocupado com o carro, afirmando que o mais provável era não acabar a corrida, devido aos problemas mecânicos acumulados. Quando começou, Clark não andava na frente do pelotão, a marcar passo, e na quinta volta, perdeu o controle do seu carro, acabando por bater nas árvores que estavam na berma, desintegrando o seu carro, tendo morte imediata. Tinha 32 anos. 

No final da corrida, uma multidão em choque ouvira nos altifalantes de Hockenheim a noticia do seu acidente fatal, e em Brands Hatch, no meio da BOAC 500, todos também ouviam a noticia do seu desaparecimento. Aos 32 anos e no auge das suas capacidades, a morte de Clark caiu fundo na comunidade automobilística, que compareceu em peso no seu funeral, em Chirnside, poucos dias depois.

Hoje em dia, o legado de Clark ainda vive, meio século depois do seu desaparecimento trágico. Os especialistas ainda o consideram como um dos melhores de todos os tempos, a par de Fangio, Senna e Schumacher. Apesar do recorde de vitórias ter durado por cinco anos (Jackie Stewart bateu-o em 1973), e o de pole-positions ter sido dele até 1989 (para ser batido por Ayrton Senna), o legado dura até hoje, por ser o símbolo de uma era e de uma equipa. A sua lealdade para com Colin Chapman fez com que não guiasse para mais ninguém senão a Lotus.

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