domingo, 18 de novembro de 2018

A imagem do dia (II)

Sebastien Ogier e Malcom Wilson, cumprimentando-se no final do Rali da Austrália, depois do piloto francês ter assegurado o sexto título mundial seguido. Desde 2004 que o título do WRC pertence a um francês chamado Sebastien, mas esta temporada foi mais apertada que o habitual. isto porque agora há quatro marcas em competição, doze carros WRC a correr em todas as provas do campeonato.

Contudo, a temporada de 2018 foi apertada para o francês. Mais apertada que o normal. E as explicações são relativamente simples. Primeiro, a M-Sport tem um carro, o Ford Fiesta, que está a alcançar o limite do seu desenvolvimento. É um carro que anda a correr desde 2011 na versão RS, nos tempos de Mikko Hirvonen, e é o carro mais antigo no pelotão do WRC. E nessa altura, a Volkswagen, Hyundai e claro, Toyota, ainda não tinham entrado no WRC e a Citroen estreava o DS3 WRC. E o tempo passa veloz sobre uma máquina que acusa os anos, apesar do trabalho de todos na equipa de Malcom Wilson para o manter competitivo. Sem o apoio oficial da Ford, resta à M-Sport vender chassis para a classe R5 para ter dinheiro. Mas nos últimos tempos, os pilotos dos vários campeonatos têm trocado os Ford pelos Skoda Fabia R5, bem mais competitivos.

A segunda razão são as equipas de fábrica da Hyundai e da Toyota. Os coreanos vieram com tudo em 2016, e tem pilotos talentosos como Thierry Neuville. Mas este ano foram superados pelos Toyotas da Gazoo Racing, que, instalados na Finlândia e liderados por Tommi Makinen, conseguiram ser competitivos, dando a Ott Tanak - que veio da M-Sport no final de 2017 - uma chance real de título. Venceu três ralis de seguida, mas a falta de competitividade na parte final do campeonato e os acidentes que teve o impediram de lutar e alcançar o campeonato.

Contudo, o recado da Toyota ficou: o Yaris é um vencedor, e com Tanak e Kris Meeke - bem como Jari-Matti Latvala - será candidata real ao campeonato. 

Ogier, aos 34 anos de idade, volta em 2019 para a Citroen. Foi a equipa que lhe deu a sua chance no WRC, depois do título junior em 2005, e foi com eles que venceu o seu primeiro rali, em Portugal, em 2010. Foi-se embora no final desse ano para abraçar o desafio da Volkswagen, vencendo ali os seus quatro primeiros títulos mundiais. A razão tinha a ver com a rivalidade entre "Sebastiões": Loeb contra Ogier. O velho sábio contra o jovem prodígio. 

Agora é um pouco diferente. A marca tem um novo carro, mas não consegue desenvolvê-lo de volta à glória do passado, tanto que tem pedido a Sebastien Loeb para que ajude no desenvolvimento. O seu regresso e vitória no Rali da Catalunha, cinco anos após a sua última vitória, aos 44 anos de idade, mostra que não só continua competitivo, como o carro começa a ter o desenvolvimento que merece. Agora, com Ogier ao lado, ele tentará fazer regressar a marca do "double chevron" à sua glória, mas com Hyundai e Toyota ao seu lado, cada vez mais competitivos, a temporada de 2019 poderá ser aquela em que acabe sem um francês no topo.

E caso aconteça, é mais que o final de uma era. É meia geração sempre a ver os mesmos no topo. Claro, não tira competitividade ao WRC, mas dá um colorido diferente ao campeonato. 

E quanto à M-Sport, o carro é bom, mas falta-lhe bons pilotos. Só Elfyn Evans e Teemu Suninen é insuficiente para chegar aos pódios e às vitórias, e Malcom Wilson sabe disso. Pilotos como Dani Sordo e Mads Ostberg, por exemplo, poderiam ser uma alternativa, mas até agora, nada indica que aparecerá um nome suficientemente importante para fazer calçar as botas que Ogier deixa na equipa de Malcom Wilson. E a chance de uma decadência irreversível é bem grande.

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