domingo, 1 de outubro de 2023

A(s) image(ns) do dia





Há 45 anos, a Formula 1 estava em rescaldo com os eventos de Monza três semanas antes. A Lotus tinha perdido mais um piloto, e na última década, Ronnie Peterson era o terceiro a morrer nas suas máquinas, depois de Jim Clark, em 1968, e Jochen Rindt, dois anos depois. Por essa altura, Graham Hill gracejara: "se visse uma roda traseira mais rápida que a dianteira, então sei que estou dentro de uma Lotus!". 

E o pai de Damon Hill sabia o que falava: no GP dos Estados Unidos de 1969, sofreu um forte acidente com um 49, e fraturou ambas as pernas!

Mas Colin Chapman queria pilotos velozes nos seus carros. E tinha um em mente, quando procurou um substituto. Alguém que tinha feito essa tarefa por mais de uma ocasião: Jean-Pierre Jarier.

Nascido a 10 de julho de 1946, em Paris, "Jumper" tinha vindo de origens humildes para chegar à Formula 1 em 1971, correndo com um March 701, em Itália. Contudo, em 1973, era piloto oficial da March na primeira metade do campeonato, enquanto tentava alcançar o título europeu de Formula 2. 

Em 1974, Jarier foi para a Shadow, e conseguiu os seus primeiros pontos com um terceiro lugar em Monte Carlo, seguido por um quinto lugar em Anderstorp, na Suécia. A sua velocidade dava nas vistas, e melhor seria quando no inicio de 1975, conseguiu poles na Argentina e Brasil. Até conseguiu a volta mais rápida em Interlagos, mas tudo isso não deu em nada: desistiu em ambas as corridas. Um quarto lugar no infame GP de Espanha, em Montjuich, foi o que conseguiu nessa temporada. 

Para piorar as coisas, em 1976, só conseguiu uma volta mais rápida na corrida brasileira, sem pontuar. Isso foi o suficiente para ele sair da equipa no final do ano. E a partir daqui, começou a sua wida de errante pelas equipas de Formula 1. 

Começa em 1977, com a novata ATS, que comprara os restos da Penske. Como seu único piloto, conseguiu um sexto lugar em Long Beach, antes de no final do ano, correu na Shadow e no GP do Japão, correr no segundo chassis da Ligier, com o número 27. Um de muitos, antes do misticismo que acabaria por ter. 

Naquele ano de 1978, Jarier tinha corrido pela ATS, com o seu próprio chassis, até não se qualificar no GP do Mónaco, altura em que foi despedido pelo volátil Gunther Schmid. Ainda regressou na Alemanha, mas o resultado foi o mesmo do Mónaco: não-qualificação. 

E foi assim que um dia, em setembro, o telefone tocou na casa de Jarier. Era Colin Chapman, e aos 32 anos, tinha a chance de correr num carro competitivo, pela primeira ocasião na sua carreira. E claro, tinha de aproveitar a chance. Mas para chegarem ali, foi porque Chapman tinha perdido a chance de ter na equipa um brasileiro chamado Nelson Piquet. Jarier, que corria com o número 55 - Chapman não queria correr com o 6 até ao final da temporada, em tributo a Peterson - conseguiu um digno oitavo posto na grelha de partida.

Contudo, logo na manhã da corrida, Andretti bateu com o seu carro, e os danos foram de tal forma que a equipa pediu a Jarier o seu carro. Ele tinha de correr com o carro suplente - a mesma coisa que acontecera a Peterson, com as consequências que sabemos - mas ao menos era o 79.  

Jarier partiu bem e era sexto no final da primeira volta, enquanto Andretti liderava, mas a sofrer com problemas nos travões. Cedo, foi passado pelos Ferrari de Carlos Reutemann e de Gilles Villeneuve, e cedo, o francês começou a ter o ritmo dos primeiros. E isso melhorou quando Andretti desiste na volta 27, com um motor rebentado. Uma volta depois, foi a altura de Lauda, e Jarier lutava pelo terceiro posto com o Wolf de Jody Scheckter, o Renault de Jean-Pierre Jabouille e o Williams de Alan Jones

Contudo, a três voltas do final, o destino foi-lhe cruel: ficara sem gasolina, deixando escapar um pódio certo. Ter conseguido a sua terceira volta mais rápida da sua carreira foi um fraco consolo na sua primeira corrida com um carro competitivo. Dali a uma semana, teria mais uma chance, no Canadá.

Sem comentários: