quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

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Há uns dias mostrei por aqui o Lancia Delta S4, que fez agora 40 anos da sua estreia, no Rally RAC de 1985, e acabou com uma dobradinha, com Henri Toivonen a levar a melhor sobre o seu companheiro de equipa, Markku Alen.

Contudo, poucos sabem que o Delta S4 não foi o único carro de Grupo B que se estreou por ali. Também foi há 40 anos que apareceu o MG Metro 6R4, um carro com quatro rodas motrizes, e que foi desenvolvido numa parceria entre a Rover e... a Williams. E já que falei um pouco sobre um, creio que é altura de falar sobre o outro, que não teve tanto sucesso como o Delta, apesar do terceiro lugar que teve nesse mesmo rali, com Tony Pond ao volante.

O projeto começou em 1984 - o código 6R4 significa "6-cilindros, Rally, 4-rodas-motrizes" - e claro, o carro tinha como base o Austin Metro, ideal para um carro com uma distância entre-eixos bem curta. Com um motor V6 Turbo de três litros, e com uma potência estimada de 410 cavalos, mais uma transmissão manual de cinco velocidades, o carro ficou pronto para testes em maio de 1985. Com os 200 carros necessários para a sua homologação a serem feitos na fábrica de Longbridge - e a custarem 40 mil libras cada um - o carro foi desenvolvido ao longo da primavera e verão de 1985 para estarem prontos para correr no Rally RAC desse ano, a equipa decidiu escolher um veterano para andar nele: Tony Pond

Então com 39 anos, Pond tinha corrido pela Triumph e Sunbeam e como melhor resultado tinha sido um terceiro lugar no Tour de Corse de 1981, num Datsun Violet, e tinha a experiência necessária para desenvolver um carro destes. Este ficou pronto no Rally RAC - fez agora 40 anos - e Pond alinhou no carro, ao lado de Malcom Wilson e Geoff Fielding, numa operação com três carros.

Pond evitou as armadilhas do inverno inglês, no mais longo Rally RAC até então, com 63 especiais de classificação, e conseguiu chegar ao final do rali com um respeitável terceiro lugar, deixando a marca esperançada com a ideia de que tinham construído um carro que iria estar taco a taco com Peugeot, Audi e Lancia, e se calhar, contra Ford e Citroen, que estavam a construir os seus projetos para o Grupo B.

E mesmo assim, ele não ficou satisfeito. Especialmente quando os Deltas tinham problemas - ora porque o carro se relutava a funcionar, ora porque Alen e Toivonen se despistavam. Pond, que a certa altura liderou o rali, estava frustrado:

Malditos Lancias”, disse. “Ao longo de todos os troços, dá para ver onde saíram da pista. Há marcas de derrapagem aqui, pedaços em falta ali. Rodam, saem da pista, batem em coisas o tempo todo, mas continuam a andar!

Wynne Mitchell, um dos engenheiros que ajudou no desenvolvimento do carro, estava satisfeito com o resultado, e contou, anos depois, ao dirtfish.com essa sensação de dever cumprido, depois de todas as peripécias ao longo dos dias que durou o Rally RAC.

A reação ao metro foi realmente muito positiva, com as pessoas a aplaudirem com entusiasmo quando passava ou quando chegava à estação. Assim terminou 1985 para nós, num tom relativamente positivo. Agora, para 1986 e tudo o que ele nos reservava… e certamente reservou-nos muita coisa.”, contou.

As expectativas eram muitas, é verdade, mas o futuro iria afirmar o contrário. Os problemas de fiabilidade do motor iriam dominar o pensamento dos responsáveis da marca, e o final do Grupo B, no final de 1986, fariam com que o projeto acabasse prematuramente e a Rover não mais usar o carro para, por exemplo, continuar no Grupo A, que sucedeu ao Grupo B, a partir de 1987.

Mas há 40 anos, havia esperanças de que um carro britânico poderia ter uma palavra a dizer no Mundial de ralis.  

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