A FIA apresentou esta quinta-feira ao mundo o conceito do WRC27, o tipo de carros que ela quer que apareçam a partir da temporada de 2027, marcando uma nova era na disciplina. O ‘concept’ agora apresentado traduz visualmente os princípios regulamentares da plataforma WRC27, oferecendo uma primeira imagem concreta do tipo de carros que irão competir ao mais alto nível internacional. A FIA quer que esta nova fórmula assente num ciclo regulatório de longo prazo - pelo menos cinco anos - dando previsibilidade e estabilidade ao campeonato e aos futuros intervenientes.
Como já era sabido, o principio destes chassis são tubulares, com célula de segurança feito dessa forma, uma evolução direta da estrutura introduzida nos Rally1 em 2022, concebida para maximizar a proteção dos ocupantes. Desenvolvida com recurso a simulação avançada, ensaios comparativos e testes de choque com protótipos, esta célula oferece melhorias significativas na redução de intrusões e na absorção de energia em impactos frontais, laterais, de tejadilho e traseiros.
Em torno desta célula, o regulamento WRC27 estabelece um “volume de referência” dentro do qual toda a carroçaria deverá ser desenhada, deixando de ser obrigatório partir de modelos de produção específicos. Dentro desse envelope dimensional, os construtores poderão optar por linhas inspiradas em modelos de estrada ou por soluções totalmente dedicadas aos ralis, abrindo espaço a uma maior diversidade de formas e identidades visuais.
Os elementos aerodinâmicos serão simplificados para reduzir custos de desenvolvimento e complexidade técnica, limitando dispositivos extremos sem comprometer a estabilidade e a eficácia em prova. Esta abordagem pretende também facilitar a entrada de novos projetos e acelerar os processos de conceção.
Este enquadramento procura alargar o leque de participantes potenciais, permitindo que projetos de ‘tuners’ – como é o caso do Project Rally One, que foi anunciado ontem - e outros especializados, possam competir em igualdade de condições regulamentares com marcas oficiais. A FIA espera, assim, aumentar o número de carros e equipas no pelotão principal, reforçando a competitividade do campeonato. Este será talvez o aspeto mais importante do ‘novo’ WRC, porque embora se possa perder algum espetáculo na estrada, isso poderá ser compensa com muito mais competitividade entre os concorrentes.
Os novos carros serão equipados com um motor 1.6 turbo a gasolina, alimentado por combustível sustentável, com cerca de 290 cavalos-vapor de potência – provavelmente um pouco acima dos 300 cv – associado a tração integral e caixa de cinco velocidades.
A suspensão adotará um esquema de duplo triângulo (double wishbone), enquanto os sistemas de travagem e direção derivarão de especificações Rally2, combinando elevada performance com custos mais controlados.
O chassis tubular será definido dentro de um “footprint” com comprimento mínimo de 4100 milímetros e máximo de 4300 milímetros, largura máxima de 1875 milímetros, distância entre eixos mínima de 2600 milímetros e altura mínima de 1270 milímetros, garantindo um equilíbrio entre liberdade de design e proporções adequadas ao rali.
Com a entrada em vigor das novas regras, os carros WRC27 passarão a competir lado a lado com os atuais Rally2 na categoria de topo, reestruturando a “Rally Pyramid” definida pela FIA. A convivência entre as duas gerações visa criar um pelotão mais numeroso, com diferentes níveis de investimento, mas performances relativamente próximas, potenciando listas de concorrentes mais cheias e lutas mais variadas pelos lugares de destaque.
Esta integração também simplifica a progressão de carreira dos pilotos, que poderão transitar de Rally2 para WRC27 sem enfrentar um salto tão acentuado de custos ou exigência técnica específica do carro. A médio prazo, a FIA vê este modelo como uma forma de estabilizar o ecossistema competitivo do WRC.
As poupanças serão obtidas através da definição de preços de referência para componentes, aumento da durabilidade das peças e simplificação técnica, reduzindo tanto o investimento inicial como os custos de substituição ao longo da época. O regulamento prevê ainda medidas para baixar despesas operacionais, como limites de pessoal, requisitos logísticos mais contidos, maior uso de estruturas locais e melhores soluções de conectividade de dados para apoiar o trabalho de engenharia à distância.




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