
Há setenta anos, na Primavera de 1940,
José Estaline, que poucos meses antes tinha invadido a metade oriental da Polónia, como combinado com a Alemanha nazi no famoso Tratado Germano-Soviético de 25 de Agosto de 1939, decidiu matar toda a elite polaca, que estava em campos de concentração. Oficiais do Exército da Polónia essencialmente, pois temia, na sua mente paranoica, uma revolta entre eles. Ordenou à NKVD, a policia politica, para que tratasse do assunto. Arranjaram uma floresta, nos arredores de Smolensk, para tratar do assunto. Esse local chamava-se Katyn.

Ao longo dessa Primavera,
22 mil pessoas, parte da elite polaca, foram mortas às ordens de Stalin, não só em Katyn, mas também noutros locais da Russia e Bielorrusia, muita dela antigo território polaco conquistado pela União Soviética. O massacre permaneceu secreto, mas o rumo da II Guera Mundial iria dar uma volta de 180 graus quando um ano mais tarde, a 22 de Junho de 1941, a Alemanha Nazi decidiu invadir a União Soviética. E a Russia foi invadida pelas tropas de
Adolf Hitler. E ano e meio depois, na Primavera de 1943, os nazis descobriram as campas dos oficiais polacos executados por Estaline, a anunciaram ao mundo.

Na altura, os soviéticos disseram que tudo isso era propaganda. Tinham sido os nazis a executar os oficiais polacos no Verão de 1941 e que aquilo não passava de encenação. E quando os soviéticos tomaram de novo a Russia, a mentira continuou. Até à "Perestroika", de
Mikhail Gorbatchov, aquele era o local onde milhares de soldados polacos tinha sido executados em 1941, ás mãos dos nazis. Só com esse degelo do final dos anos 80 é que a verdade histórica foi reposta.
Para a Polónia, aquilo foi uma ferida aberta em relação à Russia, e um grande escolho nas relações entre os dois países, até aos nossos dias. Apesar de Gorbachtov ter pedido desculpas em nome da União Soviética, quando esta se transformou em Russia, a politica foi diferente. Para os russos, isto não é um crime de guerra ou genocidio, e os mortos não são considerados como vitimas do Estalinismo.

Mas se calhar, isso pode mudar dentro em pouco. E a acontecer, teve de ser ao sacrificio de outra elite polaca. Esta manhã, um Tupolev 154 da presidência polaca, que transportava o Presdiente da Polónia,
Lech Kazyinsci, e uma série de dignitários, desde cerca de 20 deputados a um antigo presidente no exilio, passado pelo chefe do Exército, o Presidente do Banco Central, até ao presidente do Comité Olimpico local,
caiu em Smolensk, depois de quatro tentativas abortadas para aterrar sob denso nevoeiro. Dos 96 ocupantes (
numeros contlituantes, já que se fala em 132),
ninguém sobreviveu. A causa do acidente foi um erro do piloto, que tentou aterrar por quatro vezes no local, apesar dos avisos dos controladores para que aterrasse em Minsk ou Moscovo.
“
É um sítio maldito”, reagiu o antigo Presidente polaco
Aleksander Kwasniewski, à TVN24. “
Dá-me arrepios na espinha. Primeiro a elite da Segunda República polaca é assassinada na floresta de Smolensk, agora a elite intelectual da Terceira República morre neste acidente trágico quando se aproximavam do aeroporto de Smolensk. Esta é uma ferida que vai ser muito difícil de curar”, afirmou.
Outro antigo Presidente,
Lech Walesa, o homem que presidiu à transição da Polónia do comunismo à democracia, na década de 80, enquadrou o acidente nos mesmos termos históricos: “
Este é o segundo desastre depois de Katyn”, disse ao mesmo canal de notícias TVN24. “
Eles quiseram cortar a nossa cabeça lá, e lá a elite da nossa nação também morreu. Apesar das diferenças, a classe intelectual daqueles que iam no avião era verdadeiramente grande.”

O presidente Lech Katzynscki ficou conhecido por ser um dos mais firmes eurocépticos dos últimos anos, numa nação que pela sua dimensão, e apesar de ter entrado na União Europeia há pouco menos de seis anos, não pode ser menosprezada. As suas simpatias politicas eram de direita, e tentou em tempos fazer uma "caça ás bruxas" às pessoas que colaboraram no tempo do regime comunista, abolido em 1989. Politicamente, não me era muito simpatético, mas como hoje é momento de luto, não quero comentar politiquices. E espero que se abstenham disso também.
Segundo a Constituição polaca, irá haver eleições presidenciais dentro de dois meses, e o presidente do Sejm, o parlamento local, assumirá provisóriamente o cargo.
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