quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

5ª Coluna: Sobre a abertura da Formula 1 a nova(s) equipa(s)

A decisão da FIA de abrir o processo de selecção a novas equipas, anunciada na noite passada, foi algo inesperada, pois nada indicava nesse sentido. Pensava-se que os anúncios de terça-feira, referentes aos números fixos nos carros de Formula 1, bem como a polémica dos "pontos a dobrar", significaria que o organismo liderado pelo recém-reeleito Jean Todt tivesse encerrado as suas atividades para a temporada de 2013, mas ele ainda tinha uma carta na manga. E cá está.

O interessante de ler na noticia nem é tanto a perspectiva de haver uma nova equipa, mas os prazos que eles dão para a apresentação de candidaturas: vinte dias até ao dia 3 de janeiro de 2014, onde depois dessa manifestação formal, os candidatos terão até ao dia 10 de fevereiro para apresentar em pormenor, com documentos que mostram que estão aptos para correr na categoria máxima do automobilismo. A sentença definitiva será dada a 28 de fevereiro, para a(s) equipa(s) terem mais do que tempo para se preparar(em) para entrar em ação na temporada de 2015, onda e FIA vai colocar em ação o "cost cap", ou seja, a limitação dos orçamentos. 

Entendo a ideia. A Formula 1 têm neste momento 22 carros e mais duas vagas vinham mesmo a calhar. Há um limite que vai até aos 26, mas muito provavelmente, a FIA nunca encherá a grelha por uma boa razão: quer dar essa vaga a um construtor, caso eles tenham os 24 carros presentes - ou se preferirem, as doze equipas. 

Mas há algo que me faz confusão: com os custos de manter uma equipa de Formula 1 a alcançar números proibitivos - a Caterham coloca 110 milhões de euros por ano e ainda não conseguiu qualquer ponto na sua carreira, por exemplo - e com as equipas a andarem desesperadamente em busca de pilotos pagantes para fazer face às despesas, para quê abrir uma vaga? Quem quer vir para a Formula 1 "rebentar dinheiro"? É certo que o bolo é suculento, mas pelos vistos, quem come as melhores fatias são a Ferrari, a McLaren, a Red Bull e a Mercedes. A Genii - Lotus está aflito das finanças, e pelo que se ouve por ali, nem tem motor para 2014! E para piorar as coisas, a entrada de Pastor Maldonado e os petrodólares da PDVSA não vão servir para pagar dividas atrasadas, porque eles pediram uma clausula nesse assunto.

Para além disso, fala-se à "boca cheia" de que a Sauber e a Marussia andam a negociar um acordo de fusão entre ambos para 2014, o que faria preencher dois requisitos: os suiços ficariam com dinheiro a rodos de uma fonte segura, e a Marussia teria os resultados que tanto anseia, mas que não consegue com os seus próprios recursos. Caso haja a fusão, diminui-se para dez as equipas presentes no próximo ano. Isto, se a Lotus alinhar em Melbourne...

É certo que a Formula 1 têm um grande "magneto" do qual todos os aventureiros e milionários são atraídos. Todo aquele glamour e o facto de andarem todos os anos no Mónaco é algo extraordinário. Mas quem será a pessoa escolhida? Francamente, eu tenho aquela sensação de que das duas uma: ou aparece um construtor e diz que vai investir as centenas de milhões de dólares - ou euros, ou outra coisa - para conseguir algo na categoria máxima do automobilismo, ou então - e esse deve ser o desfecho mais provável - a FIA chegar à conclusão de que nenhuma das candidaturas ter as condições para poder competir a partir de 2015.

Veremos. Os próximos dias - e semanas - vão ser interessantes para saber quem tentará a sua sorte para conseguir o "bilhete mágico" para entrar nesse mundo dos construtores de Formula 1, também conhecido como "Clube Piranha".

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