sábado, 26 de março de 2016

Sobre as novas temporadas em Turismos

A Touring Car Racing (TCR) e o WTCC (World Touring Car Championship) vão ter dentro de uma semana as suas estreias. O primeiro, em paragens barenitas e fazendo parte do fim de semana da Formula 1, a segunda no circuito de Paul Ricard, no sul de França. E depois de uma primeira temporada onde atraiu a atenção de muita gente, com uma série competitiva e barata (os carros são vendidos ao cliente por cem mil euros), a TCR International Series atraiu pelo menos sete marcas, com um envolvimento mais ou menos oficial: Ford, Seat, Volkswagen, Opel, Alfa Romeo, Subaru e Honda. Atraiu bastante mais do que o mais "oficial" WTCC (World Touring Car Championship), que tem este ano Citroen, Volvo, Honda e Lada, mais alguns Chevrolet privados.

Contudo, a lista de pilotos é bem distinta uma da outra. Se na primeira, não há equipas oficiais - nem pode haver, pois inflacionaria os custos de uma série que se quer barata - na segunda, as quatro equipas e mais alguns "spinoffs" privadas fazem compor a grelha. E isso vê-se pela lista de pilotos. No WTCC temos José Maria "Pechito" Lopez, Sebastien Loeb, Gabriele Tarquini, Rob Huff ou Tiago Monteiro, mas no TCR, temos como melhores pilotos pessoal como Gianni Morbidelli, os manos Oriola, o sérvio Dusan Borkovic ou o suíço Stefano Comini, o atual campeão.

Muitos poderão dizer que um é melhor do que o outro, mas o que o TCR fez foi pura e simplesmente transformar num campeonato aquilo que os pilotos privados gostariam de fazer um dia, num carro de Turismo, num campeonato oficial. Seja ele local - há onze campeonatos TCR, entre nacionais, regionais e continentais, incluindo o português e o asiático - e aos poucos atraem os pilotos, pela sua qualidade e preço. Em contraste, o WTCC é um campeonato mundial, com regras da FIA, e com um numero limitado de inscritos. Só os oficiais, são doze. E ali, uma marca pode dominar sobre as outras, deixando as migalhas para a concorrência. Foi o que aconteceu no passado com a Chevrolet, e agora, com a Citroen.

Não se pode dizer que houve uma "racha", como aconteceu nos Estados Unidos, com um "CART vs IRL", apenas existem duas maneiras de ver esta categoria do automobilismo. Uma quer ser o representante de uma competição, a outra quer dar aos pilotos uma oportunidade barata de competir, atraindo todo o tipo de pilotos. Para terem uma ideia, a série portuguesa já tem pelo menos doze pilotos inscritos correndo em pelo menos três marcas, mas com mais algumas em mira. Uma ganha em quantidade, outra é a melhor em qualidade. 

É muito cedo para se ver quem vencerá, e qual das competições é que será bem sucedida no futuro. O que posso dizer, pela experiência, é que qualquer competição que tenha igualdade em termos de carros ou pilotos, a entrada de uma construtora será sempre prejudicial à competição, dominando-a. E como acontece na Formula 1, são os domínios que contam.

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