quinta-feira, 17 de agosto de 2023

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Há quem diga que a estratégia atual da Ferrari é algo parecido com uma má comedia, com Charles Leclerc e Carlos Sainz Jr. a pagarem o preço pelas más estratégias, mas 25 anos antes, em 1998, Michael Schumacher tinha Ross Brawn e na sinuosa pista de Budapeste, a sua estratégia entrou nos livros de história. Afinal de contas, bater os McLaren e recuperar 23 segundos é algo que não se vê, nem hoje, nem quando isso aconteceu.

Na qualificação para a corrida, Schumacher partia de terceiro, e parecia que, se seguisse o desenho dos McLaren, com duas paragens para reabastecimento, só subiria se a concorrência tivesse algum problema. Mas Ross Brawn tinha uma ideia. E para isso, disse que o alemão deveria parar por três vezes, tendo um carro mais leve, para apanhar os carros de Woking. 

Mas não era só ele que tinha a ideia. Para resultar, queria a colaboração do piloto. E quando Brawn disse a Schumacher que queria "19 voltas de qualificação", o alemão disse que sim.

E conseguiu.

Apenas na volta 46, quando Mika Hakkinen foi às boxes para a sua segunda paragem, o alemão ficou na frente da corrida, continuando com o seu ritmo diabólico. E esse ritmo foi tal que, quando o alemão fez a sua terceira paragem, a distância era tal que regressou ainda na liderança da corrida. Que o manteve até ao final com uma vantagem de 9,4 segundos sobre David Couthard e 44,4 sobre Jacques Villeneuve

O carro não era mal, a McLaren tinha Adrian Newey e tinha acabado de desenhar o MP4-13, com o motor Mercedes no seu melhor, dando à equipa praticamente tudo e o primeiro título a Mika Hakkinen. Aliás, nessa temporada, o finlandês conseguiu oito vitórias, quatro delas conseguidas nas seis primeiras provas do ano, praticamente definindo o campeonato. Mas Schumacher, contra os McLarens, conseguiu arrancar seis vitórias, e o da Hungria conseguiu entrar na história como não só a concretização de uma estratégia brilhante de um Ross Brawn, como a dedicação e talento de Michael Schumacher. 

Eles, que estavam juntos desde 1992. 

Ali, em Budapeste, aconteceu mais uma das suas manifestações de génio do piloto alemão numa Ferrari que queria terminar a travessia do deserto, que se aproximava perigosamente dos 20 anos. Aquela manifestação de génio, por incrível que pareça, não o colocou na liderança do campeonato ou algo assim. Aliás, Hakkinen, que fora sexto classificado nessa corrida, nunca viu a sua liderança em perigo, nem ali, nem em qualquer altura do campeonato, excepto quando o alemão ganhou em Monza, ambos estavam empatados com 80 pontos.

Mas quase independentemente do carro que tinha, parecia que com a gente que tinha por trás de si, gente como Brawn, o projetista Rory Bryne e liderados pelo diretor desportivo, Jean Todt, ele praticamente carregava a equipa às costas. E quando fazia, conseguia ser genial.  

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