segunda-feira, 9 de outubro de 2023

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A melhor chance de vitória de Jean-Pierre Jarier escapou-se nas suas mãos quando tinha tudo para ganhar. Mas a culpa não tinha sido sua. Afinal de contas, foi o seu carro que lhe deixou mal. A grande ironia é que estava a guiar o melhor carro do pelotão do momento. 

E claro, quando desistiu, abrira caminho para a vitória do filho predileto do Canadá. 

Como era sabido, uma semana antes, o francês alinhava com o Lotus numero 55 - Chapman tinha tirado o 6 em memória de Ronnie Peterson, morto em Monza - e em Watkins Glen, até tinha feito uma corrida interessante até ficar sem gasolina a quatro voltas do fim, quando tinha um pódio garantido. Uma semana depois, a Formula 1 ia ao Canadá, numa pista que se estreava no calendário. 

Jarier era rápido, todos sabiam. Tinha feito pole-positions em 1975 com um Shadow, mas não tivera sorte. Na Argentina, por exemplo, sequer chegou a alinhar porque a transmissão quebrou e acabou por ver nas boxes. E na corrida seguinte, no Brasil, parecia que ia a caminho da vitória quando o seu carro sofreu problemas com o seu sistema de combustível.

E quando ele conseguiu a pole em Montreal, numa pista construída numa ilha artificial, nos terrenos onde tinha sido erguido a Exposição Universal de 1967, muitos consideraram que era uma combinação da sua velocidade com o chassis do momento, a pole-position foi quase uma inevitabilidade... apesar de ter batido Jody Scheckter por 11 centésimos.

Jarier foi embora e com o passar das voltas, parecia que ia a caminho da sua primeira vitória. Algo do qual merecia, depois dos tempos em que tinha sido um "gitano" do pelotão da Formula 1, e da escolha da ATS, que foi uma espécie de "marcha-atrás" da sua carreira. E também, de certa maneira, uma forma de homenagear o falecido Ronnie Peterson, morto quase um mês antes. Ou seja, existiria muitas maneiras de se afirmar que a vitória de Jarier era muito merecida.

Mas acabou por não ser assim. Na volta 49, uma fuga de óleo terminou com os seus sonhos de triunfo. Esta caiu nas mãos de Gilles Villeneuve, um filho da terra, piloto da Ferrari, que depois de uma temporada de estreia atribulada, conseguia, em sua casa, uma vitória muito popular. E ainda por cima, numa das corridas mais frias da história: estavam cinco graus positivos!

Mas, de certa forma, as suas prestações na Lotus compensaram: em 1979, Jarier teria à sua espera um lugar na Tyrrell.   

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