Quase um desconhecido fora da Argentina, dentro é uma lenda: nascido a 29 de setembro de 1938, em Rafaela, era engenheiro de formação e começou a trabalhar na industria automóvel em 1962, ao serviço da Renault. Cedo a sua área tornou-se a preparação de motores, que conseguiu fazer sucessos com o motor Tornado de 4 cilindros em linha. Alejandro De Tomaso, outro argentino, mas radicado em Itália, queria-o para os seus serviços, mas a Renault decidiu ajudá-lo a montar a sua oficina, na cidade de Córdoba. Em principio, começou a preparar motores Renault, mas a seguir, no final dos anos 60, começou a montar motores de 4 cilindros em linha baseados nos Ford.
Depois, começou a construir carros, e em 1974, tinha feito um chassis para a Formula 5000 (baseado no Brabham BT34 de 1971), correndo nos Estados Unidos com Nestor Garcia Veiga, um dos grandes pilotos dentro do país. Teve algum sucesso, apesar dos constantes problemas de motor, mas na parte final do ano, decidiu dar outro passo: adaptar o seu carro para a Formula 1! Com Garcia Veiga ao volante, a ideia era pegar num dos seus chassis, adaptá-lo e arranjar alguns dos seus motores, sem ser os Cosworth.
A 16 de dezembro, no Autódromo de Buenos Aires, o carro, Berta-1 (ou Berta LR) e o piloto foram apresentados com pompa e circunstância, e os seus motores foram montados no carro. E ali... começou o pesadelo. Apesar da leveza do chassis, com 620 quilos, o motor apenas tinha uma potência de 400 cavalos, bem menos do que os 450 que normalmente davam os Cosworth DFV. Chegou a mudar os pistões, por uns que tinham vindo dos Estados Unidos, mas o efeito foi o contrário, chegando a dar... 360 cavalos, ainda menos! Soube-se depois que as medições tinham sido incorretas e era por isso que o motor funcionava mal.
Para piorar as coisas, alguns dias mais tarde, os seus motores começaram a explodir uns atrás dos outros, apesar de uma mudança no lubrificante. Num só dia, tinha rebentado quatro deles! As coisas pareciam algo desesperadoras quando recebeu uma oferta de Wilson Fittipaldi: um motor Cosworth DFV para eles correrem em Buenos Aires e Interlagos, onde tinham inscrito o carro. Contudo, a oferta vinha com um senão: teriam de o devolver como novo. Depois de pensar na oferta, decidiu recusá-la e parar com o projeto, para desilusão dos argentinos, sempre entusiásticos de automobilismo.
E claro, perguntar-se-ia como teria sido o projeto argentino da Formula 1.
Quanto a Berta, o sucesso continuou nas competições locais, quer no Turismo Carrera, quer no TC2000, até aos nossos dias, preparando inúmeros carros nos últimos 50 anos, primeiro com ele, agora com o seu filho Orestes Jr.
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