segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Bolides Memoráveis: Lotus 78 (1977-78)

Poucos são os carros que marcaram uma geração. Contudo, daqueles que marcaram, muitos tiveram a marca genial de Colin Chapman. Um desses exemplos foi o primeiro carro-asa da Formula 1: o Lotus 78. Um carro que começará á marcar uma época, e que apareceu há exactamente 30 anos. A exploração do seu conceito será aproveitado mais tarde para construir o seu sucessor, o Lotus 79, que alcançará o zénite, ganhamdo ambos os títulos de pilotos e construtores. Mas será também o túmulo para um dos melhores pilotos da década de 70...

Começemos pelo inicio: em meados de 1975, Colin Chapman e a Lotus estavam numa crise, após o fracasso do Lotus 76. Sendo assim, tirou uma longa pausa para pensar, e a ideia de uma nova abordagem à Formula 1 surgiu após umas férias em Ibiza. Assim sendo, escreveu um memorando de 25 páginas, onde falou do "carro-asa". O conceito, chamado de "principio de Bernoulli" era que o “princípio das mudanças de velocidade e pressão de um fluído em movimento: acelerando a velocidade e a pressão diminui com o fluído. O ar é um fluído e se um fluxo de ar é introduzido num túnel (venturi) aberto – como um funil invertido é acelerado e a sua pressão baixa, criando um efeito de sucção”. Este principio foi passado da teoria para a prática pelos seus colaboradores mais próximos, Peter Wright e Tony Rudd. Ambos tinham estudado esse principio em 1969, quando estavam na BRM, mas este não foi por diante.

Sendo assim, começaram a desenvolver esse principio no Lotus 77, mas apesar de terem voltado às vitórias, não era um carro por aí adiante. Logo, Chapman e a sua equipa precisavam de construir um chassis que marcasse diante da concorrência. Depois de meses de desenvolvimento e mais de 400 horas em túneis de vento, o Lotus 78 estava pronto a ser apresentado em Dezembro de 1976.

O monocoque era feito em "cellite", uma estrutura em "ninho de abelha" de aluminio ensaduichada entre duas folhas de Duraluminium, um material bastante duro e forte, utlizado na industria aeronáutica. De cada lado do carro existiam pontões ocos com entradas de ar na frente, que continham os radiadores e os tubos de venturi, que proporcionavam a força aerodinâmica descendente. Graças à "saias" laterais, que davam ao carro a necessária estanquicidade, esta empurrava o carro contra a estrada, proporcionando mais 15 por cento de "downforce" do que as asas convencionais. Sendo assim, estava pronto a mostrar-se em pista logo na primeira prova de 1977, na Argentina.


A equipa nesse ano era constituida pelo americano Mario Andretti e pelo sueco Gunnar Nilsson. O começo não foi muito famoso, com um quinto lugar, mas depois, Andretti provou ser um adversário temivel: ganha em Long Beach e em Jarama, enquanto que o seu companheiro Gunnar Nilsson consegue a sua unica vitória da sua carreira em Zolder. Era um conceito vencedor, mas tinha os seus defeitos: era um carro que tinha alguns problemas aerodinâmicos, com uma traseira pouco limpa e um centro de pressão demasiado à frente, o que dava maior aderência aos pneus dianteiros que aos traseiros. Mesmo assim, Andretti foi o concorrente mais temido por Niki Lauda, o futuro campeão do mundo de 1977, onde Andretti seria terceiro classificado, depois de alcançar mais duas vitórias, em França e Itália.


Em 1978, o conceito seria ultrapassado pelo Lotus 79, mas este só se estrearia no GP da Belgica, no circuito de Zolder. Até lá, Mario Andretti e o seu novo companheiro de equipa, o sueco Ronnie Peterson, continuam a mostrar o potencial do carro, ganhando cada um o seu Grande Prémio: o ameracano em Buenos Aires, o sueco em Kyalami, depois de uma batalha com o Tyrrell de Patrick Depailler.

Quando o Lotus 79 finalmente se estreou, mostrou-se ser melhor, e um dos carros foi comprado a um rico "gentleman-driver" vino do México. O seu nome era Hector Rebaque. Com o carro desses, esperavam-se bons resultados para ele, mas a pouca experiência não lhe serviu de muito. contudo a sua coroa de glória foi o sexto lugar alcançado no GP da Alemanha, em Hockenheim.

O último episódio deste carro tem um desfecho infeliz: na véspera do GP de Itália, o Lotus 79 de Ronnie Peterson fica danificado no "warm up" e não é recuperavel a tempo para a corrida. Sendo assim, corre no carro de reserva, um Lotus 78. Este carro tinha também outro problema: não era tão forte em termos estruturais como os outros carros, como o 79. Na partida, Peterson atrasa-se e a confusão instala-se e a meio do pelotão, com o McLaren de James Hunt colide com o Arrows de Riccardo Patrese, que por sua vez, toca no Lotus de Ronnie Peterson, que colide de frente com os rails de protecção. Gravemente ferido nas pernas, é levado para o hospital, onde após uma longa operação para evitar a amputação das pernas, partes da medula óssea entram na corrente sanguínea, que causarão uma embolia fatal no dia seguinte.

Carro: Lotus 78
Projectistas: Colin Chapman, Peter Wright, Martin Ogylvie e Tony Rudd
Motor: Cosworth V8 de 3 Litros
Pilotos: Mario Andretti, Gunnar Nilsson, Ronnie Peterson, Hector Rebaque
Corridas: 33
Vitórias: 7 (Andretti 5, Nilsson 1, Peterson 1)
Poles: 9 (Andretti 8, Peterson 1)
Voltas Mais Rápidas: 7 (Andretti 5, Peterson 1, Nilsson 1)
Pontos: 106 (Andretti 65, Nilsson 20, Peterson 20, Rebaque 1)


Fontes:
"Bandeira da Vitória", Autosport, Lisboa, 1996

2 comentários:

Alexandre Ribeiro disse...

Olá Speeder_76:

E a exoto, melhor fabricante de modelos 1/18 de F1 ao lado da CMC, deve soltar em janeiro a miniatura desse carro...Preparemos o bolso, que lá vem chumbo!!!

Gde abç.

L-A. Pandini disse...

Speeder, escrevo para pedir um favor. Há tempos procuro os anuários "Motores 73" e "Motores 74", do Francisco Santos. Se houver alguém em Portugal interessado em vender, ou se você conhecer alguma casa de livros antigos onde eles estejam disponíveis, por favor entre em contato pelo pandinigp@yahoo.com (sem ".br").

Obrigado! Abraços. (LAP)