segunda-feira, 6 de abril de 2009

Formula 1 - Ronda 2, Malásia (Revista da Blogosfera)

Pela primeira vez em 17 anos (GP da Austrália de 1991, terminada após 14 voltas), foram atribuídos apenas metade dos pontos aos oito primeiros classificados de um Grande Prémio. O Grande Prémio da Malásia acabou oficialmente na 33ª das 59 voltas previstas ao circuito de Sepang, no meio de uma chuva torrencial que durou mais de meia hora, e que acontecera pouco depois das seis da tarde locais. Isso demonstrou cabalmente que a opção de Bernie Ecclestone de colocar a partida para as 17 horas locais, só para agradar os telespectadores europeus, revelou-se uma estupidez de todo o tamanho por parte de Bernie Ecclestone e da FOM, com o beneplácito da FIA(sco). Convenienetemente, Max Mosley, o “whipmaster” estava em Portugal a assistir ao Rali, e a gozar com o sol primaveril que assola as nossas paragens…


Nas linhas que se seguem, iremos ver as opiniões que foram escritas ao longo da Blogosfera em português. Quase todos alinham como eu, mas a piada é ver as “nuances” sobre esse assunto…


Caiu a chuva, caiu a noite

Corrida maluca na Malásia, um oferecimento de São Pedro. GP encerrado com 31 voltas, um oferecimento do Sir Bernie Ecclestone.

O chefão da F-1 teve a brilhante ideia de abusar da sorte e realizar uma prova em momento alternativo, na hora da chuva de cada dia da Malásia.

A estratégia comercial saiu pela culatra. Na tentativa de ganhar público na Europa, perdeu tempo de corrida. A água desceu e impediu qualquer possibilidade de os pilotos se manterem na pista.

(…)

Felipe Maciel, Blog F-1


O Estraga-Prazeres

“Corridas na Malásia sempre tiveram fama de sonolentas, muito por causa do horário que ocorria - de madrugada para nós brasileiros - e mais por causa da chatice causada pelo traçado de Sepang. Chega 2009 e graças ao pacote de mudanças para o certame atual, a corrida se transcorria de forma ESPETACULAR. Brigas diversas, imprevisibilidade de resultados e muitas ultrapassagens. No meio da corrida acontece um DILÚVIO, tragédia previamente anunciada por causa do horário da corrida.

Como assim? Explico: Sepang é como Belém - capital do Pará - tem hora marcada para chover, quem conhece a bela cidade sabe bem disso e sabe também que essas zonas de clima equatorial são caracterizadas por chuvas torrenciais. Mesmo cônscio de que uma mudança de horário das catorze horas tradicionais para dezassete horas o risco de temporal durante a corrida seria exponencialmente aumentado, Bernie Ecclestone ditatorialmente DETERMINOU que ela ocorresse.

E para que mudar? Para atender a sanha por dinheiro de Ecclestone, que lucra mais com o novo horário por causa de transmissões para o continente europeu, que não chegavam a ocorrer de madrugada como para o Brasil, mas aconteciam no começo da manhã, sete horas da matina na Inglaterra, por exemplo. Esse dilúvio interrompeu a corrida que não pôde ser reiniciada não por sua casa, mas por causa de FALTA DE VISIBILIDADE, estava ESCURO.
Parece piada, não? Mas não é... Bernie Ecclestone conseguiu estragar o grande prazer que estávamos tendo com a disputada corrida graças à sua malfadada mudança. Estou de "saco cheio" dessas infelizes decisões arbitrárias que insistentemente a antiga raposa e neo Gagá tem determinado. Por isso, em nome do prazer de assistir a uma espetacular Fórmula 1 que nasceu das felizes mudanças implantadas em 2009, lanço a campanha APOSENTADORIA JÁ para Bernie Ecclestone:



POR FAVOR BAIXINHO, VÁ CUIDAR DE SEU BENS E CURTIR A VIDA, DEIXE A FÓRMULA 1 PARA PESSOAS QUE TÊM HOJE O QUE VOCÊ ESBANJAVA NO PASSADO, COMPETÊNCIA !!!”

Alexandre Ribeiro, Blog do Ribeiro


Pitacos Malaios, a Corrida Maluca

(…)
Outro destaque negativo foi a brilhante idéia do Gnomo Domenicali ou do Bozo, ou sei lá quem, em colocar pneus de chuvas no carro de Raikkonen com a pista seca, foi a coisa mais patética dos ultimos anos, quando a gente pensa que esses caras já fizeram toda a lambança possivel, eles nos surpreendem com outra ainda maior. Esse pessoal passou da conta, a idéia foi tão ridicula que quando começou a chover algumas voltas depois, escutava-se Raikkonen dizendo pelo rádio que seus pneus tinham acabado.

Marcelalonso, Blog do Marcelo F1


Caos

Se um dia eu tivesse os poderes mediúnicos da Mãe Dinah, com certeza não estaria acordando antes das cinco da manhã para ir trabalhar, mas há algumas coisas que estão tão evidentes, que só cego não enxerga! Na sexta-feira havia comentado aqui na possibilidade de uma chuva forte, algo que ocorre todo dia em Kuala Lumpur, interromper a prova pela largada tardia neste ano, quase ao pôr-do-sol. Os céus malaios indicavam uma chuva iminente e ela veio com a força que os manauras conhecem e o lógico aconteceu. A bandeira vermelha veio e a bela corrida que ocorria terminou pelo simples fato de que não havia mais luz natural para se ter uma relargada. O pódio foi realizado à 08:00 no horário brasileiro, e absurdos 19:00 na Malásia, com a pista já totalmente escura. Ou seja, como a corrida se iniciou às 17, havia apenas duas horas de manobra para se ter a corrida completa, ao contrário do que ocorre normalmente quando a largada é realizada entre 13 e 15 horas da tarde, não pensando em qualquer eventualidade ocorrer durante a prova, como uma chuva forte, com direito a raios e uma pista alagada, algo que sempre ocorre na Malásia... depois das 5 da tarde!

(…)

Foi uma corridaça, mas as nuvens ao redor do circuito indicavam que a chuva, que chegou a ser anunciada a Hamilton para os próximos dez minutos, demorou a ocorrer, mas veio bem no momento em que todos faziam suas primeiras paradas. Foi um pandemônio. A chuva que prometia forte, veio fraca. Quase todos colocaram pneus para piso muito molhado, mas tiveram que voltar aos boxes para colocar pneus intermediários, mas então a tempestade veio e lá foram todos em peregrinação rumo aos pits. O problema é que a tempestade veio com tanta força, que nem a Mercedes pilotado por Bernd Maylander foi possível de evitar as rodadas e abandonos que, por sinal, foram poucos pela quantidade de água que havia na pista. A bandeira vermelha foi mostrada e uma intensa espera ocorreu para ver o que ocorria. Mark Webber, ainda mancando pelo seu acidente de bicicleta em Novembro, falava com vários pilotos como representante da GPDA e me pareceu ter uma resposta negativa com relação a Lewis Hamilton. A resposta do inglês deve ter sido a mesma resposta egoísta que Felipe Massa deu a Carlos Gil quando perguntado se queria correr. "Agora não tem condições, mas por mim relargaria para eu conseguir alguns pontos." Antes que crucifiquemos o piloto da Ferrari, muitos ali pensavam a mesma coisa. Talvez o único que não pensasse dessa maneira era Jenson Button, que mostrou isso quando foi anunciado que a corrida não seria reiniciada após quase uma hora de espera. O inglês comemorou timidamente, acenando para o público com a cara de "Fazer o que, né?", mas o piloto da Brawn consegue sua segunda vitória na temporada de forma bem diferente da primeira.

(…)

A F1 termina sua primeira rodada dupla no oriente com a certeza de que acertou com as novas regras, pois as corridas estão muito mais emocionantes e as surpresas já não são tão surpresas assim, como provou a Brawn e a Toyota. No entanto, a política ainda supera alguns aspectos esportivos, como esse horário estúpido de correr na Malásia e pelas constantes punições a pilotos. São 9:30 quando escrevo isso e corro o risco de publicar um post errado pelo o que acontece fora das pistas. Um verdadeiro caos!

João Carlos Viana, jcspeedway


Uma grande meia - corrida. E uma FIA minúscula

A chuva deu um baile nas equipes da Fórmula 1 e deixou o GP da Malásia eletrizante, antes que um dilúvio decretasse o final da prova. A demora da FIA em tomar uma decisão que era óbvia e única mostrou o estágio de total turbulência que a categoria entrou. Foi tosco, pequeno e desrespeitoso com todos.

(…)

Luiz Fernando Ramos, Blog do Ico


Que tal uma aula de geografia?

A aula de geografia básica desse Domingo vai para Bernie Ecclestone. Não era difícil para o dirigente comercial da F-1 perceber que marcar uma largada para as 17 horas locais era um risco. Chove constantemente nos fins de tarde malaios, como nos fins de tarde do norte do Brasil. A equação benefício-risco era das mais fáceis: “corrida nesse horário terá a grande possibilidade de chuva. Chuva forte pode paralisar a corrida. Corrida paralisada por muito tempo tornar-se-á inviável, pois no momento em que a relargada for possibilitada em razão da estiagem, o Sol já estará se despedindo.” Só Ecclestone não pensou nisso.

(…)

Não foi a primeira (e provavelmente não será a última) vez que o lado mercadológico prevaleceu sobre o bom senso na F-1. Os donos do circo continuam a fazer trapalhadas. Dessa vez por não freqüentarem as aulas de geografia.


Fábio Andrade, De Olho na Formula 1


Sepang Demodé

É uma daquelas corridas que só teve vencedor porque não dava para ninguém não chegar em primeiro. Sem desmerecer Button, que está aprendendo que ser Schumacher não é tão difícil quando se tem Ross Brawn do lado. Heidfeld só precisou de um pit stop para sobreviver a todas as configurações climáticas. E Glock calçou os pneus certos – ou menos errados.


E assim completam 10 anos de Fórmula 1 em Sepang, nada pouca coisa, já que foi o primeiro projeto que Hermann Tilke pôde começar do zero. As grandes retas colocadas no miolo do circuito e as curvas dispostas no entorno são suas marcas mais pungentes. Diz o arquiteto que, ao colocar as arquibancadas enormes ao longo das retas, sua intenção era trazer o público para dentro da ação.


Discutível, esta escolha. Em primeiro lugar, porque impede a visão total do traçado em qualquer ponto do autódromo. Em segundo lugar, porque nas arquibancadas internas o público não vê os carros de perto por tanto tempo. Isso sem falar nas outras arquibancadas, menos pitorescas, que ou estão postas ao ar livre, sujeitas às chuvas, ou se localizam a dezenas de metros do asfalto, depois das áreas de escape.


O traço arquitetônico das ‘tendas’ que cobrem as arquibancadas centrais foi modelo para todos os outros suntuosos autódromos Tilke – vide Xangai e Bahrein, nos próximos dias. As extravagâncias dos arquitetos foram incentivadas e cultuadas nos últimos dez anos, e na Fórmula 1 não foi diferente. Acontece que a crise chegou, e a construção civil é um segmento econômico dos mais frágeis. A extravagância é o novo brega. O suntuoso é feio, novo-rico. Convenhamos, não é pelos detalhes que Tilke se sobressaiu.


A crise aumentou a necessidade de visibilidade comercial da categoria, motivo pelo qual Ecclestone quis poupar os europeus de acordar cedo no domingo. Daí a largada ser tão tarde, o que, na latitude 0º, fez da chuva não uma questão de “se”, mas de “quando”. Quando as águas passaram, a noite chegou na Malásia. Bela metáfora. Após dez anos na Fórmula 1, Sepang se depara com seu crepúsculo.

Daniel Médici, Cadernos do Automobilismo


(…)

Último comentário: Que cena mais ridícula! Todos os carros parados na linha de chegada esperando a chuva passar! É lamentável a F1 esteja nas mãos de homens como Bernie Ecclestone e Max Mosley! Ninguém se preocupa com a vida dos pilotos, o que vale é vender a cota de patrocínios no melhor horário europeu! Quem gosta de F1 acorda o horário que for 3h ou 6 h da manhã! Por que nós podemos madrugar e os europeus não, Tio Bernie? Tudo para acabar desta forma PATÉTICA!


E outra coisa: estes pilotos e equipes são um bando de bobões!!! Eles tinham que ter se manifestado FORMALMENTE contra mais esta insanidade do Matuzalém-mor! Não existe GP sem pilotos! Poderiam até correr, mas que fizessem um GRITO de protesto! Mark Webber esperou tudo acontecer para mobilizar os pilotos? E o pior é que se a direcção de prova não tivesse desistido, eles correriam! Uma pena!

Tati, Octeto Racing Team.

Sem comentários: