segunda-feira, 28 de março de 2011

GP Memória - Long Beach 1976

Depois do Brasil e da Africa do Sul, a Formula 1 fazia a sua viagem intercontinental, visitando pela primeira vez as ruas de Long Beach, naquela que viria a ser a primeira vez desde 1957 que um pais iria receber dois Grandes Prémios no mesmo pais. E este não era um qualquer: eram os Estados Unidos.

Long Beach na Formula 1 era o sonho de Chris Pook, um britânico radicado na California, que sonhava em fazer um "Mónaco das Américas" naquela cidade costeira nos arredores de Los Angeles e que no ano anterior tinha montado o seu circuito e feito uma corrida de F5000 como balão de ensaio para receber a Formula 1. Tudo tinha corrido bem e esta poderia vir, numa corrida marcada para a Primavera, em contraste com Watkins Glen, que acontecia no inicio do Outono.

No pelotão da Formula 1, havia alterações. Na Surtees, o australiano Alan Jones, vindo da Hill, era piloto da equipa, ao lado do americano Brett Lunger, enquanto que a March, para além dos dois carros oficiais para Vittorio Brambilla e Ronnie Peterson, tinham mais dois carros para Hans-Joachim Stuck e Arturo Merzario. Na Copersucar, os manos Fittipaldi chamaram Ingo Hoffman para o segundo carro. Outras equipas, como a Shadow, Parnelli e Ensign, tinham patrocinadores novos para mostrar nas ruas americanas.

Os pilotos estavam divididos na sua apreciação de Long Beach. Emerson Fittipaldi dava o selo de aprovação, mas Jacques Laffite, por exemplo, não era fã do traçado devido às oscilações da pista. Mas mesmo assim, todos se preparavam para a qualificação, pois apenas poderiam passar vinte dos vinte e oito carros inscritos.

No final, os Ferrari foram os melhores, mas foi Clay Regazzoni o "poleman", seguido pelo Tyrrell de Patrick Depailler, enquanto que na segunda fila, o McLaren de James Hunt era melhor do que o segundo Ferrari de Niki Lauda, na batalha pessoal entre os dois. Tom Pryce, no seu Shadow, era o quinto na grelha, seguido pelo March de Peterson. Jean-Pierre Jarier, no segundo Shadow, era o sétimo, com o Lotus de Gunnar Nilsson na oitava posição. Para fechar o "top ten" ficaram o Penske de John Watson e o Brabham-Alfa Romeo de Carlos Reutemann.

Somente vinte carros podiam qualificar-se, e claro, houve desilusões. Os Wolf-Williams de Jacky Ickx e Michel Leclére, o Copersucar de Ingo Hoffmann, o March de Arturo Merzário, o Surtees de Brett Lunger, o Hesketh de Harald Ertl e o Lotus de Bob Evans, não conseguiram a qualificação.

No dia da corrida, Regazzoni manteve a liderança... e mais não a largou. Hunt salta para o segundo lugar, atrás de Depailler e Lauda. Na primeira curva, Brambilla e Reutemann colidem e ficam por ali, enquanto que Nilsson sofre de uma falha na suspensão algumas curvas depois, a alta velocidade, mas sem consequências de maior.

Nas voltas seguintes, os acidentes continuavam, devido ao piso algo escorregadio, típico dos circuitos citadinos. Stuck batia na segunda volta e na terceira acontece o primeiro caso da corrida, quando Hunt, que tinha sido passado por Depailler na volta anterior, tentava recuperar o segundo lugar. Na travagem para uma das chicanes, Hunt tentou uma manobra de ultrapassagem mas o francês fechou a porta no preciso momento, fazendo com que o choque fosse inevitável. Hunt encostou à berma e gesticulava sempre que o francês passava por ali, culpando-o pela sua saída precoce, mas mais tarde, quando a corrida acabou, os mecânicos vieram a descobrir que o carro era mais do capaz de voltar à corrida...

Na frente, imperturbável, seguia Regazzoni, mas os incidentes continuavam. John Watson tinha batido no Ligier de Jacques Laffite, e tinha de ir às boxes para substituir o nariz partido, caindo na classificação. Pouco depois, Lauda passava Depailler e ficava com o segundo posto, basicamente terminando a corrida por ali em termos de luta pela liderança. Atrás, no nono lugar, seguia Mário Andretti, desconhecendo que esta era a última corrida que fazia pela equipa Parnelli. Quando na volta 15 encosta às boxes devido ao sobreaquecimento do motor, um repórter lhe pergunta sobre a retirada da equipa, desconhecendo que... nada sabia!

Enquanto isso, Depailler caia algumas posições devido a um pião, mas depois fez uma corrida de faca nos dentes, tentando recuperar o tempo perdido. Passa Jarier e Peterson em poucas voltas e vai atrás de Scheckter e Pryce. Mas não precisou de os ultrapassar para chegar ao terceiro posto: ambos os carros tiveram problemas mecânicos e desistiram.

No final, os pilotos estavam a batalhar contra problemas na caixa de velocidades, mas conseguiram, de uma maneira ou outra, levar os seus carros até ao fim. Regazzoni conseguira a sua primeira vitória do ano, muito fácil para ele, com Lauda no segundo lugar e a consolidar a liderança no campeonato. Depailler fechava o pódio, com o Ligier de Jacques Laffite no quarto posto e a conseguir os primeiros pontos da história da equipa, o McLaren de Jochen Mass e o Copersucar de Emerson Fittipaldi, que conseguia o seu primeiro ponto como construtor.

A corrida tinha sido um sucesso organizativo e um favorito do público, fazendo com que ficasse no calendário para o ano seguinte. Mas havia uma última história para contar: quando a corrida acabou, Mário Andretti tinha decidido que não iria correr mais pela Parnelli na USAC, já que tinha ficado zangado por ter sido o ultimo a saber da noticia. No dia a seguir, por acaso, cruza-se com Colin Chapman no átrio do hotel e vem a saber do que se tinha passado. Convida-o para tomar o pequeno almoço e no final do dia, ele tinha assinado contrato como piloto da Lotus.

Fontes:

http://www.grandprix.com/gpe/rr267.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1976_United_States_Grand_Prix_West

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