sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sobre a impressionante e cruel morte de Roger Williamson

Poderia ser mais um a falar sobre o aniversário de Fernando Alonso, mas o piloto de Oviedo teve o azar de ter nascido precisamente oito anos dpeois de um dos acidentes mais impressionantes da história de Formula 1. E a maneira como isso foi captado em direto, para além dos esforços - bravos, mas inuteis - de outro piloto, que decidiu abdicar da corrida para socorrer um camarada preso nas ferragens, acho que merece ser referido todos os anos, como uma forma de recordar aos mais novos o muito que a Formula 1 caminhou até chegar ao padrão de segurança que temos hoje em dia.

É estranho como posso falar constantemente uma efeméride que aconteceu antes de nascer. Mas provavelmente a morte de Roger Williamson pelo impacto que tem, mesmo após tanto tempo, acho que impressiona qualquer um, quem quer que tivesse nascido por essa altura ou não. A ideia de nos ver uma pessoa a morrer diante de nós - e foram milhões, naquele dia, em Tv's a preto e branco e a cores - e mais do que isso, ver aquela pessoa, David Purley de seu nome, abandonar o seu carro e correr para empurrar o carro de Williamson da posição onde estava. E o mais impressionante, entre os vários factos que aconteceram nesse dia, era que ele estava vivo após o embate, e suficientemente consciente para pedir a Purley para que o tirasse dali, pois já estava a ficar sufocado com o monóxido de carbono que o iria matar.

Ao ver as imagens do desastre, via-se que bastavam três ou quatro pessoas para conseguir colocar o carro no chão, e retirá-lo dali e levá-lo para a enfermaria, e depois o hospital mais próximo. Provavelmente não teria tido ferimentos graves, mas a realidade foi que Roger Williamson morreu devido à negligência dos organizadores, dos comissários de pista, das autoridades de segurança do circuito de Zandvoort. E o irónico é que aquele circuito, palco de um acidente fatal três anos antes, com outro britânico, Piers Courage, tinha regressado ao calendário da Formula 1 em 1973, depois de ter ficado um ano de fora para profundas obras de melhoramento do seu circuito, com guard-rails e uma nova capa de asfalto.

Mas no final foi a negligência humana que matou Roger Williamson. O inquérito subsequente mostrou isso mesmo, e Ed Swarts, o diretor da corrida nesse ano, disse que “Foi tudo uma terrível má interpretação do que estava a acontecer.” E essa má interpretação custou a vida de um jovem de 25 anos.

David Purley, o homem que tentou salvar, foi condecorado com a George Medal, a mais alta distinção de bravura atribuido a um civil britânico. Poucos anos depois, em julho de 1977, voltou a ser noticia quando sobreviveu a um acidente nos treinos para o GP britânico, em Silverstone. Gravemente ferido, sobreviveu a um choque de 179,8 G's quando desacelerou num mero espaço de... 66 centímetros de 173 km/hora a zero. Os seus restos estão no museu de Donington Park, levado por Tom Wheatcroft, que tinha sido o manager de... Williamson. Acabou por se dedicar à acrobacia aérea e morreu num acidente em 1985.

Se quiserem ler a biografia de Williamson, podem vir aqui. E sobre os eventos daquele cada vez mais distante 29 de julho de 1973, nas dunas holandesas de Zandvoort, podem também vir aqui.

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