quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A foto do dia (II)

A carreira na Endurance de Francois Cevért, que hoje estaria a comemorar o seu 71º aniversário natalício, está fortemente marcada pela aventura da Matra. Sendo francês, e uma das maiores esperanças do hexágono para um título mundial, teria sido convidado para ajudar nesse projeto quer pelo seu mentor, Jean-Luc Lagardére, quer pelo seu cunhado, Jean-Pierre Beltoise.

Como muitos faziam nessa altura, era paralelo às suas atividades na Formula 1, e naturalmente, as 24 Horas de Le Mans não eram excepção. Fora da Formula 1, o seu grande feito foi na Can-Am, onde venceu uma prova em Donnybroke, no Canadá, em 1972, mas uns tempos antes, estava a caminho de dar à Matra a sua primeira vitória em Le Mans. Mas aí, a sorte de uns transformou-se no azar dos outros, e "a fava" saiu ao jovem francês.

Naquele ano, com a proibição dos carros de 5 litros, sobraram os de 3 litros, onde Matra e Lola eram reis. Havia a Porsche, que reciclava os 908, mas as máquinas francesas eram as mais e melhor preparadas, pois tinham apoio do próprio governo francês. A equipa era poderosa: quatro carros, tres deles o novo modelo 670, com pilotos do calibre de Graham Hill, Henri Pescarolo, Jean-Pierre Beltoise e Chris Amon. Cevért correria com o neozelandês Howden Ganley, numa versão "cauda longa" do 670, e ambos eram suficientemente velozes para que, depois de uma noite dura, com chuva à mistura, estavam na frente da corrida, seguidos do outro Matra da dupla Hill-Pescarolo.

Tudo indicava que seriam os dois os vencedores da corrida. Aliás, a própria Matra tinha assinalado essa hierarquia, pois sempre garantia que teriam um piloto francês como vencedor. Mas numa manhã difícil (o acidente mortal de Jo Bonnier tinha acontecido poucas horas antes), todo o cuidado era pouco e por volta das onze da manhã, o carro numero 14 estava a caminho das boxes, com a traseira rebentada devido a um acidente com um Chevrolet Corvette de GT, já bem atrasado. O carro foi às boxes para fazer os devidos reparos e perdeu a liderança para Pescarolo e Hill, e eles acabaram por vencer, dando à Matra a primeira vitória francesa desde 1950, e a Graham Hill algo unico: vitórias em Indianápolis, Monaco (e os títulos mundiais) e na clássica de La Sarthe.

No ano seguinte, Cevért alinhou com o seu cunhado Beltoise - das poucas vezes que guiaram juntos - mas a aventura de ambos terminou após 157 voltas. Mal se sabia que iria ser a última vez por ali.

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