sábado, 7 de fevereiro de 2015

A foto do dia

Vocês querem saber porque é que não existem imagens em direto da BBC dos Grandes Prémios da Grã-Bretanha de 1976 e 1977? Por causa deste carro e do patrocínio que os leva. Em 1976, John Surtees tinha colocado três carros na sua equipa, todos com patrocinios diferentes: o francês Henri Pescarolo, com a decoração da Norev, o americano Brett Lunger, com os cigarros Chsterfield, e o australiano Alan Jones, (aqui, no Mónaco, numa foto tirada por Bernard Cahier) que tinha o patrocinio... da Durex, uma marca de preservativos.

Os anos 70 eram tempos diferentes dos nossos. Era a altura que "o sexo era seguro e o automobilismo perigoso" (Jackie Stewart dixit), e onde coisas como o HIV era algo vindo da ficção cientifica. Eram tempos libertos... mas ainda com muito puritanismo. Que o diga a BBC.

Esta não queria transmitir as corridas por causa do controverso patrocínio levado por Jones, e quando chegou à altura mais critica, a do GP britânico, pura e simplesmente não decidiu transmitir a corrida, nem em direto, nem em diferido. Por uma razão bem fútil, mas do qual acreditavam naqueles tempos.

Assim sendo, ninguém viu em direto, mas televisões das suas casas, as cenas que se passaram em Brands Hatch, como a carambola em Paddock Hill Bend e a subsequente pressão do público em exigir a colocação de James Hunt na pista. Ou depois, a ultrapassagem na curva Druids ao Niki Lauda, na véspera do seu acidente em Nurburgring.

Mas o mais engraçado é que o pelotão da Formula 1 tinha patrocínios "politicamente incorretos" nesse tempo. Não, não falo das tabaqueiras, falo por exemplo do patrocinador que tinham os Hesketh, que era a revista Penthouse. As suas "Pets" posavam muitas das vezes nos carros, ao lado dos pilotos, que sorriam sem contemplações com aquilo que viam. 

A mesma coisa aconteceu no ano seguinte, em Silverstone, porque a equipa teve sete pontos nessa temporada - todos conquistados por Jones - e o patrocínio continuou, noutros carros. (Vittorio Brambilla, católico praticante, recusou-o no seu carro) e essa teimosia fez com que os britânicos - e o resto do mundo - evitassem ver em direto a estreia do Renault Turbo e a de um canadiano fogoso, de seu nome Gilles Villeneuve, no terceiro McLaren oficial.

Assim sendo, só quando o "patrocinador indesejado" se foi embora, em 1978, é que se pode ver corridas na televisão. A Surtees foi-se embora no final desse mesmo ano, e a BBC meteu Murray Walker a fazer o que sabia melhor no ano seguinte, até aos dias de hoje, com outros protagonistas. E provavelmente, perdeu-se a vergonha de filmar mesmo com patrocinadores politicamente incorretos nas carenagens dos carros.

Sem comentários: