quinta-feira, 11 de abril de 2019

As imagens do dia

Capacetes. São o bilhete de identidade dos pilotos. Quando comecei a seguir isto, sabia que eles iriam acompanhar a carreira de um piloto desde a formação até à velhice. Fariam mil corridas e iria ser sempre o mesmo. Mas eu via isso nos anos 80 e 90. E claro, houve evoluções. Nos anos 70, era um risco num capacete branco, azul, vermelho, negro ou amarelo, com o nome do piloto escrito de lado. Raramente era outra coisa. 

O primeiro capacete fechado é de 1968. Apareceu em Indianápolis, graças a Dan Gurney. Era somente um capacete preto. Desse tempo, o capacete mais invulgar era de um piloto que teve uma carreira tragicamente curta: Ignazio Giunti. Tinha desenhado uma água azteca sob um fundo verde, e era agradável de se ver. Claro, tinhamos capacetes como os do Pedro Rodriguez, Jo Siffert, o tartan de Jackie Stewart ou as riscas verticais de Francois Cevért, com as cores do patrocinador colocadas de maneira subliminar.

E depois, nos anos 80, a bola de ténis estilizada do Nelson Piquet, o Vê estilizado, negro e vermelho, do Gilles Villeneuve e o capacete amarelo com risca azul e verde do Ayrton Senna. Mas também gostava dos capacetes negros de Stefan Bellof e Thierry Boutsen e o cinzento e azul do Alessandro Nannini. E o desenho do capacete do Teo Fabi, uma cópia de outro grande capacete dos anos 70, do Peter Revson.

Hoje em dia, parece que aos pilotos, o que faz ser distintos... é mudar de capacete todas as corridas. Houve uma altura que foi um exagero, mas a Formula 1 decidiu moderar isso. Agora, podem mudar uma vez por ano. Curiosamente, um que tinha capacete novo todas as corridas era Sebastian Vettel. Quando foi para a Ferrari, estilizou-se, colocou um desenho mais clássico... e manteve-o, com uma ou outra alteração.

Agora, trago os capacetes que Daniel Ricciardo e Nico Hulkenberg vão usar neste milésimo Grande Prémio. Um faz recordar Jack Brabham, e outro traz a nostalgia dos anos 70, com um símbolo antigo da Renault, que existia em carros como o 4, o 8 ou o 10, por exemplo - e digo isto como filho de alguém que teve um Renault 8 verde...

São capacetes bonitos, tenho é pena que sejam só para esta corrida. Depois voltarão aos seus capacetes normais, que os acho muito feios. São agressivos, é verdade, mas os pilotos deste tempo não têm muita paciência para os manter por muito tempo. É através deles que identificamos na televisão, e agora parece uma palete garrida de cores que mudam como quem muda de boxers...

Curiosamente, esta quinta-feira, alguém perguntou ao Kimi Raikkonen se não pensou num capacete diferente para esta corrida numero mil. Ele respondeu que pensou num capacete aberto, mas não tinha certeza por causa dos regulamentos... se deixassem, o Kimi ainda iria ao museu e pegaria no carro em que o Alberto Ascari venceu os seus campeonatos...

Em suma: há sempre coisas que se perdem no caminho. O que gostaria que não se tivesse perdido era a ideia de teres um desenho do karting até à velhice. Era uma certeza que teríamos. Agora, vê-los usar capacetes de outros pilotos - George Russell vai usar uma versão do capacete do Juan Pablo Montoya para esta corrida na China - quer dizer... quando vão ver os outros, até parece que não pensam pela sua própria cabeça. Digo eu.

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