sábado, 25 de abril de 2020

The End: Ricardo Divila (1945-2020)

Ricardo Divila, projetista brasileiro que trabalhou dos anos 70 aos anos 90 na Formula 1 ao serviço da Fittipaldi, Ligier, Minardi e Fondmetal, morreu hoje em França aos 74 anos, vítima de complicações devido a um AVC. Também sofria de um cancro no pâncreas.

Nascido a 30 de maio de 1945, em São Paulo, formou-se em engenharia na universidade de São Paulo e cedo se apaixonou pelo automobilismo. Cultivou uma relação com os irmãos Fittipaldi, especialmente Wilson Fittipaldi, que ajudou a desenhar os primeiros Formula Vê no Brasil, em 1968. Com a partida de ambos para a Europa, Divila só volta a trabalhar em automóveis em 1974, quando Wilson Fittipaldi decide montar a sua própria equipa de Formula 1. O primeiro carro - e os três chassis seguintes - iriam ter as siglas "FD", ou seja, Fittipaldi-Divila, a dupla semelhante ao "BT" usado por Jack Brabham e Ron Tauranac. O FD01 ficou pronto a tempo para o GP da Argentina de 1975, onde Wilson acabou a sua corrida na décima volta, com um incêndio no seu carro.

Divila trabalhou, desenhando o carro para 1976, onde já contaram com Emerson Fittipaldi, ajudando a conquistar os primeiros pontos. Contudo, a partir do ano seguinte, Divila deixou de ser o projetista principal, embora tenha colaborado com a equipa até ao seu fim, em 1982.

Após isso, afasta-se um pouco da Formula 1 e colabora em projetos noutras categorias. Regressa à Formula 1 em 1989, quando ajuda a desenhar o Ligier JS33, em colaboração com Michel Beaujon e dá os primeiros pontos à equipa desde 1987. Pouco tempo antes, desenha também um projeto para a equipa que o ex-piloto Lamberto Leoni queria edificar, a First, mas não consegue porque o carro não passa nos crash-tests da FIA. Mais tarde, o carro é comprado por Ernesto Vita, que com ele vai criar a Life, que corre na temporada de 1990. Divila diz que o chassis é demasiado perigoso e desliga-se do projeto, afirmando que "não passava de um bonito vaso para ser colocado à janela".

Depois de colaborar com  Fondmetal, encerrou o seu capitulo da Formula 1, passando a colaborar com a Nissan, especialmente na Endurance e nas categorias menores, especialmente na Formula Nippon. Desde há algum tempo que viva em França, perto de Magny-Cours, onde aproveitava as redes sociais - especialmente o Twitter - para dizer sobre as coisas do mundo, de forma educada e bem humorada.

Vai o ser humano, fica a sua obra. Ars lunga, vita brevis, Ricardo. 

2 comentários:

Paulo Moreira disse...

Mais um nome do automobilismo que deixa de estar entre nós e passa a ficar na história da F1.

Já agora e sobre a história da F1. Deixo aqui o meu novo blog que é precisamente sobre nomes que fizeram parte da F1. Se podem e quiseres visitem e deixem um comentário.

https://estrelasf1.blogspot.com/

jopa disse...

Um dos nossos Gênios.
Um dos nossos heróis que acreditaram e construiram a Equipe Copersucar Fittipaldi.
Valeu, muito obrigado Ricardo Divila !