quinta-feira, 30 de julho de 2020

A imagem do dia


E de repente, passaram-se vinte anos. A Formula 1 não via um brasileiro ganhar há sete, desde o GP da Austrália de 1993, quando Ayrton Senna chegou como vencedor. Foi muito tempo a suspirar por algúem que carregasse a tocha que Emerson Fittipaldi tinha pegado, depois passado a Nelson Piquet, e depois a Ayrton Senna. Agora, era Rubens Barrichello que tinha a esperança de continuar onde os outros tinham deixado. Mas o percurso não tinha sido fácil.

O seu percurso na Jordan e Stewart mostrou que era um bom piloto numa equipa do meio do pelotão, e houve ocasiões onde ele já merecia ganhar, especialmente no seu último ano na Stewart, em 1999. Uma pole-position e três pódios tinham sido um bom cartão de visita, mas quando foi o momento, esse foi aproveitado por Johnny Herbert, no Nurburgring. Mas a consistência foi suficiente para ser escolhido para a Ferrari, para secundar a Michael Schumacher

E naquele ano, o alemão esmagava-o, na sua busca pelo tricampeonato. Tinha vencido em cinco das dez corrida até ali realizadas, enquanto o brasileiro tinha apenas seis pódios e uma pole, mas nenhuma vitória. E para piorar as coisas, partia de um pálido 18º posto da grelha de partida. O que aconteceu a seguir foi uma prova de habilidade e talento à chuva, e um pouco de sorte. Não só pela chuva que caía, mas também pela eliminação dos seus adversários. E de um senhor que invadiu a pista.

Primeiro, a eliminação de Schumacher nos primeiros metros ajudou muito na progressão de Barrichello. Depois, ele começou a voar, subindo na classificação, numa estratégia onde o tinha colocado em décimo no final da primeira volta, e cinco voltas depois, já estava nos pontos, depois de ter passado o Arrows de Jos Verstappen.

Depois, foi a sorte. Na volta 25, uma pessoa decidiu protestar pelo seu - alegado - despedimento injusto da Mercedes e os comissários de pista não tiveram outra chance senão colocar o Safety Car enquanto o tiravam da zona perigosa. Quando a corrida recomeçou, Barrichello, que era quinto, pressionou Jarno Trulli e era quarto, enquanto atrás, Jean Alesi embatia o seu Prost no Sauber de Pedro Diniz, provocando nova entrada do Safety Car. Quando a corrida recomeçou, na volta 35, havia chuva ligeira e a pista ficou húmida o suficiente para que os carros com pneus secos poderiam continuar... se o piloto tivesse a habilidade. E ele tinha.

Conseguiu manter o carro na pista e até à volta 44, essa chuva não o incomodava, apesar da aproximação de Mika Hakkinen, com os pneus para piso molhado. E quando aumentou a carga de água, já era tarde para o finlandês apanhar. E claro, quando ele atravessou a meta, todos estavam felizes. Barrichello era um piloto querido no meio, e a sua vitória foi das mais populares da história do automobilismo. Nessa tarde, ele bem mereceu vencer. Nesse dia, naquela pista no meio da Alemanha, todos eram Barrichello.

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