terça-feira, 29 de dezembro de 2020

A imagem do dia


Acho que a melhor coisa que há por aí, em temos de revistas, é a Motorsport britânica. Mas o segredo do sucesso é simples: eles apostam no passado, logo, não se admirem que a esmagadora maioria dos seus leitores são homens maduros, já idosos, que querem recordar eras que já não regressam. 

Dito isto, a próxima edição da revista em "British Racing Green" tem uma bela história do qual já contei por uma vez, pelo menos: "The Day of the Champion", com Steve McQueen. Nunca ouviram falar? Claro, porque esse filme nunca existiu. Mas esteve muito perto de acontecer, e poderia ter sido estreado antes de "Grand Prix". A foto que coloco aqui é McQueen com o realizador John Sturges, que tinha filmado com ele "A Grande Fuga", nas oficinas da Alan Mann, em 1965.

E a grande razão pelo qual a revista fala sobre ele tem a ver com a descoberta de alguns dos rolos que foram entregues à produtora, e entre eles, os do GP da Alemanha de 1965, que foram filmados por John Frankenheimer para o "Grand Prix" e por causa de clausulas contratuais, tiveram de ser entregues a Sturges. E com esses rolos, foi feito um documentário de seu nome "Steve McQueen: The Lost Movie", que será colocado no ar dentro em breve.

O argumento era simples: um piloto que encarava aquela que poderia ser o seu momento decisivo para ser campeão do mundo, num desporto que como todos sabem, era perigoso, mesmo mortal. A ideia era para ser filmado em 1966, mais ou menos na mesma altura em que Frankenheimer rodava "Grand Prix". 

Aliás, a escolha inicial era que a personagem Pete Aron fosse interpretada por McQueen, mas não conseguiram, e no seu lugar veio James Garner, que ficou hipnotizado pelo automobilismo. E curiosamente, McQueen e Garner... eram vizinhos e bons amigos pessoais.

Contudo, McQueen estava a filmar no final de 1965 o "The Sand Pebbles", que lhe deu a sua única nomeação para o Oscar como ator principal, e as coisas atrasaram-se tanto que no final, o filme acabou por ser cancelado. E com "Grand Prix" a levar a melhor, sendo um sucesso de bilheteira e ganhamdo três Prémios da Academia de Hollywood, todos em categorias técnicas. E quanto a McQueen, foram precisos mais cinco anos até o vermos ao volante de um carro, em Le Mans, noutro filme cujas rodagens foram bem atribuladas, quase o arruinando.

Mas mesmo assim, Frankenheimer não ficou satisfeito com o sucesso. Anos depois, disse numa entrevista: “Ainda acho que se tivéssemos Steve McQueen naquele filme, teria [sido] maior que Tubarão”.

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