domingo, 14 de março de 2021

Os candidatos ao lugar da FIA


2021 é o ano em que o cargo de presidente da FIA está vaga. Afinal de contas, Jean Todt chega agora ao final do segundo mandato e em termos de estatuto, não pode mais se candidatar a mais mandatos. Assim sendo, a eleição, que será no final do ano, poderá ter dois candidatos ao lugar, de acordo com aquilo que disse o Joe Saward nesta sexta-feira. E poderá ser como foi em 2009, quando Max Mosley se foi embora: um administrador contra um antigo piloto.

Segundo conta o jornalista britânico, Todt poderá ter dois candidatos: um protegido seu, o britânico Graham Stoker, um dos vice-presidentes da FIA, e Mohammed ben Sulayem, um ex-piloto de 59 anos, quinze vezes campeão de ralis do Médio Oriente, e o maior vencedor da região antes de ser superado por Nasser Al Attiyah. Ben Sulayem já pendurou o capacete em 2003 e tornou-se dirigente, primeiro sendo o presidente da Federação local de automobilismo (nasceu nos Emirados Árabes Unidos) e com o passar dos anos, subiu na hierarquia da FIA. E a sua ambição de ser presidente já tem anos. 

Ambos tem as suas ideias para o futuro da FIA. Se Stoker é mais da "velha escola" e Todt o apoia porque no final, quer ter alguém com as costas protegidas nos seus projetos, como a segurança rodoviária, já Sulayem é mais ambicioso, o seu projeto tem um alcance mais global, e há uma página na Net onde ele escreve sobre os seus propósitos (podem ler por aqui, está em seis línguas!). E entre os seus vice-presidentes está Robert Reid, que está encarregado da secção de automobilismo. E porque falo desse nome? É que há vinte anos, era o navegador de Richard Burns, quando ele foi campeão do mundo do WRC a bordo de um Subaru Impreza.

Algumas das ideias que se podem ler no manifesto de candidatura:

"Acreditamos que a FIA deve ser liderada pelos seus membros: não uma hierarquia de cima para baixo, mas sim de baixo para cima. Portanto, dedicaremos nosso tempo na formulação de políticas para garantir que sejam desenvolvidas da forma mais inclusiva e democrática. Faremos isso buscando o conselho de nossos membros por meio de um processo de consulta aberta." (sobre o modo de governação)

"A FIA deve seguir em frente com paixão e propósito, enfrentando os desafios e oportunidades que surgem todos os dias no desporto e na mobilidade. Devemos também valorizar nossa tradição e história, as bases que nos dão o direito de posicionar a FIA como líderes globais do pensamento." (sobre a maneira como se deve valorizar setores como o automobilismo e a mobilidade, entre outros)

"Nossa comunidade enfrenta grandes desafios que exigem pensamento novo e liderança proativa. Faremos isso juntos, integrando ainda mais a mobilidade e o desportop, fornecendo assim o portfólio de competição necessário e as plataformas de engajamento global para apoiar os membros e o público do futuro." (sobre o estilo de liderança)

São ideias interessantes, mas ainda estamos longe da altura das eleições - será no final do ano - e em muitos aspectos, a candidatura de Ben Sulayem é uma de "ousider", semelhante ao que aconteceu ao Ari Vatanen em 2009, que tentou ser o presidente da FIA contra Todt, que era apoiado por Max Mosley. E é isso que tem de ser tido em conta, quem elege o presidente são as federações, e nos tempos de Mosley e Todt, ambos deram muito poder às federações africanas e asiáticas, maiores em quantidade contra as federações europeias e americanas, mais qualitativas, mas em menor número. E como hoje em dia a FIA, por exemplo, não tem poder sobre a Formula 1 ou a Endurance, e Todt preferiu investir nas campanhas de segurança rodoviária e tentar fazer "lobby" para que fosse bem vista aos olhos da ONU, por exemplo, e também do COI, o Comité Olímpico Internacional, para ser uma das modalidades olímpicas num futuro próximo - fala-se que o automobilismo poderá ser modalidade de demonstração nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris...

Ainda falta muito tempo, como já foi dito, mas é bom saber quem são as forças em disputa, embora haja rumores de mais gente como David Richards ou Alejandro Agag, sem grande fundamento. Daqui a uns tempos voltaremos a falar sobre isto, garantidamente.   

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