segunda-feira, 15 de março de 2021

A imagem do da


A Arrows foi uma equipa que correu por 382 Grandes Prémios entre 1978 e 2002, Conquistou nove pódios e entrou na história da Formula 1 por ser a equipa com mais corridas disputadas... sem vencer. Mas há precisamente 40 anos, em Long Beach, conseguiu um dos seus pontos altos quando viu o seu piloto, o italiano Riccardo Patrese, alcançar a sua primeira - e acabou por ser a única - pole position da marca. 

No final de 1980, a marca tinha feito o chassis A3, depois de uma temporada onde deram um passo maior que a perna. Conseguiram onze pontos e um pódio, um segundo lugar por parte de Patrese... em Long Beach, apenas batido pelo Brabham de Nelson Piquet. Para a nova temporada, o carro era o mesmo, mas em termos e pilotos, havia alterações: saía Jochen Mass e aparecia o italiano Siegfried Stohr. Parecia ser um chassis fiável, dada a limitação de recursos que tinham. Não poderiam ter dinheiro para fazer soluções ousadas, e amealhar era melhor do que desperdiçar. 

Contudo, eles sabiam que o carro era bom, tão bom como os carros da Williams ou Brabham. Tinha sido desenhado por Tony Southgate e David Wass, dois dos dissidentes da Shadow que ajudaram a fundar a equipa (O W e o S da Arrows) e confiavam nas habilidades do jovem Patrese. Mas naqueles dias, havia outras preocupações: a Formula 1 estava em ponto de cisão, entre a FISA e a FOCA, com calendários paralelos e corridas piratas. Mas por esta altura, as duas partes reconciliaram-se e o começo do campeonato foi marcado para Long Beach, na soalheira Califórnia.

Esperava-se que Brabham e Williams continuassem o duelo do ano anterior, com Alan Jones a correr com o numero um, e Nelson Piquet a ser o maior rival. E claro, outros poderiam espreitar por algo mais: Renault, Ligier ou Ferrari, dois deles com motores Turbo. E a Lotus, que apresentava um chassis revolucionário, foi algo o qual ambas as partes desavindas estavam de acordo: era ilegal e tinha de ser banido.

Foi uma qualificação... inesperada. O Arrows A3 tornou-se altamente competitivo e Patrese andou entre os melhores ao longo da qualificação de sexta e sábado. A cada vez que Alan Jones fazia um tempo que o colocava em cima, Patrese reagia, melhorando, e tudo acabou com... nove milimetros de diferença, a favor do piloto italiano. Foi uma festa nas boxes, tinham entrado na curta história da equipa, e claro, o jovem piloto tinha mostrado estofo de campeão.

A corrida foi outra história. Patrese aguentou 25 voltas as investidas de Jones e do seu companheiro de equipa, o argentino Carlos Reutemann, até que o motor começou a funcionar mal, e foi passado pelos Williams, que depois afastaram rumo a uma dobradinha, com o australiano na frente do argentino, e Nelson Piquet a ficar com o lugar mais baixo do pódio. Para os que defendem os "underdogs", a tristeza era evidente, mas tinham mostrado o ponto: o carro poderia ser competitivo em certos lugares.   

E foi o que aconteceu: no final dessa temporada, Patrese conseguiria dois pódios, um total de dez pontos e o oitavo lugar no Mundial de Construtores, os mesmos que a Alfa Romeo e a Tyrrell, que ao contrário de Patrese, pontuaram naquela corrida de Long Beach: Mário Andretti no quarto posto, na frente do carro guiado por Eddie Cheever. Contudo, naquele fim de semana de há 40 anos, a Arrows parecia estar no topo do mundo. 

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