terça-feira, 11 de maio de 2021

O meu calendário de sonho (parte 2)


(continuação da primeira parte)

Depois de uma noite a pensar no assunto, tomei a seguinte decisão, sabendo das consequências que acarreta. Uns podem pensar que será tradicionalista, mas pensando bem, também há critérios bem pragmáticos nisto, porque nem sempre o bom cenário pode levar a um grande circuito e excelentes corridas. E há excelentes circuitos que ficam situados em locais onde em certas alturas do ano, dá para cozer ou fritar ovos no capô do teu carro.

Mas esta alternativa minha tem uma coisa interessante: resolvia uma parte do mundo de uma vez, e já aconteceu em meados da década de 80, quando crescia. Portanto, lá vamos nós.

9 - Montreal

O circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, fica por estar no meio de uma cidade e ser popular entre todos: pilotos e espectadores. Está sempre cheio, mas o facto de ficar no meio de uma ilha artificial, significa que não tem muito espaço para expansão. Contudo, em 2019, foram construídas noas boxes e uma parte do problema ficou resolvido. 

10 - Watkins Glen

A Formula 1 correu ali de 1961 a 1980, e não é longe quer de Nova Iorque, quer de Montreal. Até poderia ser excelente para um "double header", mas como fica longe da Cidade Que Nunca Dorme, perde a paisagem. E uma remodelação para ficar dentro dos critérios de modernidade não ficaria mal. Claro, a alternativa Texas (Austin) seria fantástica, mas em junho, a temperatura anda sempre acima dos 30 graus, onde os pilotos e os carros sofreriam.

Claro, há alguns problemas: o circuito não é novo - as instalações teriam de ser profundamente remodeladas, por exemplo - e não se sabe bem se os donos do circuito irão querer gastar dinheiro nisso. Mas ali, em junho, o tempo é bem mais ameno do que no sul, e isso pode ser uma vantagem, e a caravana da Formula 1 não faria uma grande viagem. Mas eu apenas estou aqui a mostrar as minhas ideias...  

11 - Hermanos Rodriguez

México é excelente, e o circuito remodelado tornou-se popular entre todos, fazendo boas corridas. E até trouxe outras categorias para lá, como a Formula E. A parte chata foi o de ter cortado a Peraltada a meio, e a Formula E mostrou que podem ser feitas alternativas. Mas no meu calendário, eu manteria, e com quinze dias entre a prova americana, porque não sei se a caravana aturaria um "triple header" num continente tão vasto quando aquele.


12 - Silverstone

O regresso à Europa poderia ser na Grá-Bretanha, porque o sul europeu já foi devidamente coberto na primavera. Claro, é um clássico, mas nos últimos anos, por não ter proteções, foi profundamente remodelado, perdendo um pouco a sua identidade, o que me desgostou um pouco. Mas enfim, o dinheiro fala mais alto, não é?

Agora é a casa permanente da Formula 1, mas até 1986, alternava com Brands Hatch, situado no sul do país, no Kent. A pista é mais estreita, por a uma certa altura ter preferido manter as coisas que a sofrer uma profunda remodelação, talvez dando cabo da pista para sempre. Então, sem Formula 1, ficaram-se pelas corridas britânicas, desde o Britcar até ao BTCC. 

Contudo, para alternativa, temos Donington Park, que recebeu corridas na década de 30 do século XX, foi recuperado em 1979, e desde então, tem sido um circuito alternativo bem interessante de se explorar. Tentou-se isso em 2009, mas a aventura ficou-se a meio quando Silverstone cedeu às exigências do Bernie Ecclestone e lá fez a sua remodelação. Daria Donington uma boa alternativa? Até pode dar, mas Silverstone ficará por muitos anos no calendário. 

13 - Spa-Francochamps

O meu passeio vai ser diferente do que faz a Formula 1. Aliás, aqui até pode ser um "triple header" ou um duplo "double header", com quinze dias entre estas quatro corridas que vou referir, ou então, encaixar estas quatro provas com o tal mês de férias que a Formula 1 normalmente costuma fazer em agosto.

Dito isto, Spa em meados de julho pode ser estranho, mas perfeitamente normal. Popular entre todos, o circuito é longo e desafiador, um clássico e com tempo imprevisível, seria mais um marco do qual os fãs adorariam ver.    

14 - Zandvoort

Zandvoort vai fazer o seu regresso em 2021 depois de 36 anos de ausência. Não se sabe muito bem como será o novo circuito com estes carros, mas rápido não será. E encherá certamente de fãs porque, afinal de contas, é a "casa" de Max Verstappen. Mas ter esta pista depois de Spa seria ótimo, porque imagino uma quantidade de gente que tenha juntado economias e queira ver em vez de uma corrida, duas ou três ao vivo, como se fosse uma peregrinação ou umas férias de verão bem diferentes e bem fantásticas para os apreciadores automobilísticos.  


15 - Hockenheim ou Nurburgring

Se fosse no tempo em que fazia todos aqueles esquemas e os deixava em papel, Hockenheim seria definitivamente a minha primeira escolha, porque aquele circuito simbolizava o que é o automobilismo: a procura pela velocidade pura, o quanto poderia dar nas retas e nas curvas. Contudo, com a reforma de Hermann Tilke, em 2002, ficou para pior, apesar de não ter perdido muita da velocidade que tinha, continua a ser uma pista veloz.

Mas se a ideia é mudar para pior, então há uma alternativa, que é Nurburgring. Não o Nordschleife, estreito, longo e perigoso, mas o circuito atual, construido entre 1981 e 1984, e do qual os pilotos nunca gostaram muito, apesar de ser também veloz. Mas para além disso tudo, o tempo na zona de Eifel não ajuda muito, pois mesmo em julho, as coisas podem ficar de boas para más num instante, e de más para piores num instante mais demorado. Mas Spa-Francochamps sofre do mesmo e o pessoal adora... acho que tem a ver com a pista.

Contudo, correr em pistas alemãs vale a pena num calendário de qualquer adepto da Formula 1.    

16 - Red Bull Ring

O antigo Osterreichring voltou como o circuito da Red Bull é já provou que merece o seu lugar no calendário. E tê-lo em finais de agosto não seria nada estranho porque já aconteceu no passado. Aliás, já houve GP da Áustria entre os finais de abril e o inicio de setembro naquela zona do vale de Spielberg, logo, é bem mais flexível que se julga. 

A parte chata é que é no meio de nenhures, e logo, não há muitos hotéis na área... 


17 - Monza

É uma das "catedrais" do automobilismo. Somente em 1980 é que a Formula 1 não correu porque estavam a remodelar a pista. Está sempre no calendário porque a Ferrari quer, é uma das suas casas - a outra é Imola, mais perto de Maranello, a sede da Scuderia - e apesar de ser centenária, pois foi construída em 1922, ainda é um circuito moderno e veloz. E ao contrário do que aconteceu com Silverstone, que ao longo dos anos foi reconstruida, é uma pista que não foi muito modificada, e o facto de se situar no meio de um parque florestal, deviamente protegido por lei, ajuda muito na manutenção de uma pista e de uma certa forma, transmite de geração em geração.

E não é muito mais a dizer sobre Monza. É um clássico que merece estar no meu calendário, de preferência no final do verão, que é o que acontece sempre no calendário.   

Segundo interlúdio:

Normalmente, Monza é o final da temporada europeia, sempre o foi desde o inicio da Formula 1. A corrida é em setembro, final do verão, e é uma unanimidade. Contudo, penso na ideia do final do calendário europeu ser em Kurtkoy, nos arredores de Istambul, na Turquia. A pista é boa, um dos poucos desenhos do Tilke que "acertou", mas a situação politica naquele país se degradou bastante na última década, para além do desinteresse do governo local depois de 2011. Portanto, descarto a ideia, mas em diferentes circunstâncias, Istambul na penúltima semana de setembro não teria sido uma má ideia.

Amanhã, publico a última parte. 

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