sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

A imagem do dia


A melhor cena foi em 2006. Na última corrida da temporada, e também a última de Michael Schumacher pela Ferrari - e o inicio de uma interrupção que duraria quatro anos - o alemão entregaria um troféu ao piloto alemão, agradecendo pelos seus serviços na Formula 1. E claro, que melhor pessoa que não aquele que era chamado de "Rei"? 

Enquanto todos aplaudiam, Martin Brundle apanhava Kimi Raikkonen encostado ao muro das boxes, ele que efetuava ali também a sua última corrida pela McLaren. Questionado sobre o que achou da homenagem, ele respondeu que não estava lá, que tinha ido ao banheiro para "largar uma poia". Claro, isso foi para a História, e é mais lembrado do que a falta de "timing" do ex-artilheiro do Santos e do Cosmos de Nova Iorque quatro anos antes, quando quis dar a bandeira de xadrez ao vencedor e deu a Takuma Sato, que acabara a corrida... em nono.

Edson Arantes do Nascimento, morto ontem aos 82 anos, depois de uma longa batalha contra um cancro no cólon, pode ter sido uma estrela no mundo do futebol, mas como era o representante do Brasil, os seus cruzamentos com o automobilismo eram inevitáveis. No inicio dos anos 70, quando a nação, já tricampeã, e ele já começava a lidar com a decadência, assistiu à ascensão de Emerson Fittipaldi. Ficou famosa uma foto da revista Manchete, onde ambos trocaram de roupagem e, de uma certa forma, parece ser Lewis Hamilton quase quatro décadas antes de acontecer. E claro, nem se fala das fotos que tirou ao lado de Ayrton Senna, Nelson Piquet, Rubens Barrichello ou de Felipe Massa, todos pilotos que representaram o seu país em todo o mundo no desporto mais rápido. 

Não se sabia de o Edson Arantes do Nascimento tinha pé pesado, mas tinha bom gosto. Era frequente andar num Mercedes nas ruas de Santos, facilmente reconhecível num tempo onde raros eram os carros importados para aquela nação. Contudo, o santista, tendo sido, depois do final da sua carreira, um verdadeiro "poster-man" para diversas marcas e causas, tenho a certeza que conseguiu estar ao lado de máquinas exóticas e experimentado a sensação de velocidade. 

Quanto ao jogador, os seus feitos fizeram com que Andy Warhol afirmasse o seguinte:  

“Pelé é um dos poucos que contradizem minha teoria. Em vez de 15 minutos de fama, ele terá 15 séculos.”

Acho que nem 15 milénios serão suficientes para esquecê-lo. Pelé viverá para sempre. 

A partir de agora, liberto das amarras do humano Edson Arantes do Nascimento.

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