segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sobre o acidente mortal de Ignazio Giunti

Estava a deixar escapar a efeméride, porque já escrevi sobre ela há algum tempo, por achar que as circunstâncias da sua morte eram demasiados chocantes para deixarem de ser esquecidas. Ao ler a história, fica-se com a sensação de que tudo isto poderia ter sido evitado, se as pessoas tivessem pensado melhor no calor da corrida.

Faz hoje quarenta anos que o italiano Ignazio Giunti morreu, vitima de um acidente nos 1000 km de Buenos Aires. Giunti morreu vitima de um choque com o Matra de Jean-Pierre Beltoise, quando o francês empurrava o seu carro no meio da pista para poder reabastecer o seu carro nas boxes, que ficavam mais adiante. Hoje em dia, se acontecesse a mesma coisa, muito provavelmente as autoridades locais teriam detido para interrogatório e a FIA teria tirado a sua Super Licença por tempo indeterminado, digamos assim. Aliás, na altura houve vozes a pedir que impedissem Beltoise de correr em provas, e durante algum tempo assim aconteceu. Mas ele voltou a correr por mais algum tempo, e o acidente de Giunti foi considerado como mais um nesses tempos onde as possibilidades de morrer em acidentes eram muito grandes.

Há precisamente três anos escrevi um post descrevendo as circunstâncias do seu acidente mortal. Em plena recta da meta, à frente de toda a gente, ver Beltoise a atravessar o seu carro era perigoso, e não sei se alguém assinalou devidamente o perigo que existia. Provavelmente sim, mas não foi suficiente para evitar o pior. Aliás, Giunti não teve hipóteses para se desviar do Matra porque estava mesmo detrás do outro Ferrari do veterano Mike Parkes. O britânico viu o carro e conseguiu desvirar-se a tempo, mas Giunti, demasiado colado a ele, não teve tempo.

Giunti tinha 29 anos. Com um dos desenhos mais excêntricos na altura - uma água azteca no seu capacete verde - era altamente considerado por Enzo Ferrari, e ele julgava que era um digno sucessor de Alberto Ascari ou de Lorenzo Bandini nos carros da Scuderia. Deu-lhe uma chance na Formula 1 no ano anterior, em quatro corridas, al lado do belga Jacky Ickx e do suiço Clay Regazzoni. A sua estreia correu-lhe bem, ao acabar no quarto posto no GP da Belgica. Nesse ano, venceu as 12 Horas de Sebring ao lado do seu compatriota Nino Vacarella e de Mario Andretti, batendo "in extremis" o Porsche 908 Barchetta guiado por Peter Revson e... Steve McQueen.

Muitos consideravam-no um piloto promissor, e de uma certa forma, este acidente mortal deixou um certo amargo de boca, pois fica-se com a ideia de que era um piloto promissor que teve demasiado pouco tempo para demonstrar o seu talento. E que o seu fim, nas circunstâncias que se conhecem, teria sido no mínimo evitável.

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