domingo, 21 de julho de 2013

Considerações sobre o acidente mortal de Andrea Antonelli em Moscovo


Normalmente, não falo de motociclismo. Gosto muito mais de quatro rodas do que duas, confesso, mas este domingo, a atualidade competitiva ficou marcada pela morte do piloto italiano Andrea Antonelli, de 25 anos, quando competia numa prova de Supersport no Autódromo de Moscovo. O acidente ocorreu na primeira volta da prova, quando este escorregou devido ao piso molhado e acabou por ser atropelado por outro piloto, o seu compatriota Lorenzo Zanetti. Assistido de imediato na pista, viu-se logo que tinha uma grave fratura craniana, sendo de imediato levado para o centro médico do circuito, acabando por morrer.

Ironicamente, ao mesmo tempo que esta fatalidade acontecia, no centro da cidade moscovita, Kamui Kobayashi perdia o controlo de um Ferrari de Formula 1 que andava a demonstrar. Felizmente, os estragos limitaram a ser materiais.

Coloco aqui as imagens do acidente, e ela quase me faz lembrar o acidente do Marco Simoncelli, no final de 2011, em Sepang, ou um ano antes, em Misano, o acidente que matou na Moto2 o japonês Shoya Tomizawa. E este é um tempo bem negro para a competição, seja ele de duas ou de quatro rodas. Há um mês, lamentávamos a morte de Allan Simonsen, nas 24 horas de Le Mans, a primeira morte em corrida pura desde 1986, com Jo Gartner, e a primeira morte em 16 anos na pista francesa, com Sebastien Enjrolras. E como eu, muitos andam a pensar a razão pelo qual andam a aparecer demasiados acidentes mortais para o nosso gosto.

Acho que o primeiro grande motivo é que habituamos demasiado a uma falsa ideia: de que domamos a Morte nas competições, sejam elas de duas ou de quatro rodas. Por causa dos enormes avanços na segurança, no design e na construção dos carros e das motos, na construção dos circuitos, reduziu-se em mais de 90 por cento as hipóteses de um acidente mortal. Mas criou-se a ilusão de que nunca mais iremos ver mortes em circuitos. É um engano do qual só os ingénuos acreditam.

O automobilismo - e o motociclismo ainda mais - continuam a ser perigosos, mesmo que o carro (ou moto) seja feito de fibra de carbono e o capacete do piloto de seja feito do mesmo material. Contudo, os nossos corpos não são feitos de fibra de carbono, e estão sujeitos ao peso inteiro de uma moto a passar-nos em cima, ou como aconteceu na semana passada numa prova de motociclismo em Brasilia, a moto cair em cima do piloto. Quero acreditar que isto é só uma má fase que passamos, do qual irá terminar em breve, como aconteceu no ano passado com os ralis, onde havia acidentes mortais quase a cada final de semana. Mas sempre que se pode, têm de se aprender algo para evitar que haja mais acidentes como este.

Contudo, a ideia de "mortes zero" no automobilismo ou no motociclismo, parece ser uma mera ilusão. O que é triste para todos nós, que amamos a velocidade. E nos entristece, sempre que vemos alguém a pagar o preço mais alto pelo seu amor ao automobilismo, ou motociclismo.

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