terça-feira, 15 de julho de 2014

Os Pioneiros - Capitulo 35, a situação europeia em 1910

(continuação do episódio anterior)


NA EUROPA, AS PEQUENAS VIATURAS DOMINAM


Em 1910, o panorama automobilístico não tinha mudado na Europa. A recessão ainda dominava e os construtores lutavam pela sobrevivência, e isso poderia ser visto nas listas de inscritos para as corridas mais importantes, como a Targa Flório e a Copa Catalunya, bem como o Grande Prémio de França, que continuava cancelado pelo segundo ano consecutivo.

No primeiro caso, o Conde Flório, confrontado com a pequenez da lista de inscritos, decidiu fundir a prova principal com a das Pequenas Viaturas. Contudo, todos juntos, não fizeram mais do que oito carros inscritos: os Peugeot de Georges Boillot, Jules Goux e Giosue Giuppone, mais os Franca de Tulio Carrolato e de L. de Prosperis, o SPA de Giuseppe de Seta, o Fiat de Riccardo Craviolo e o Lancia de Norman Olsen. A corrisa acabou por ser um passeio para os carros franceses, com Boillot em primeiro, Giuppone em segundo e Goux no lugar mais baico do pódio, com este último a chegar 50 minutos antes do quarto classificado, o Franca de Cariolato.

No final de maio, máquinas e pilotos preparavam-se para a terceira edição da Copa Catalunya, onde a Peugeot tinha a concorrência local da Hispano-Suiza. Para além de Goux, Boillot e Giuppone, havia um piloto local, Pujol, no quarto Peugeot. Do lado da Hispano-Suiza, tinham, para além de Paolo Zucarelli, Jean Chassagne e o local Carreras e Louis Pillverdier. Alvaro Lonca, num Sizaire-Naudin, e Cusine, num De Dion, completavam a lista.

A corrida foi disputada, mas no final, os Peugeot levaram de novo a melhor com Goux como vencedor e Giuppone no segundo lugar, mas o lugar mais baixo do pódio foi para o espanhol Carreras a apenas seis minutos do primeiro lugar.

Parecia que nas Pequenas Viaturas, a Peugeot tinha um rival à altura com os Hispano-Suiza, e essa rivalidade iria ser transposta para a prova mais importante do ano, a Taça das Pequenas Viaturas, em Boulogne. Num circuito de 23 quilómetros, feitos em dez voltas, os Peugeot de Goux, Boillot e Giuppone tinham como oposição os Hispano-Suiza de Zucarelli, Pillverdier e Chassagne, os Licorne-De Dion de Delpierre e Colomb, os Calthorpe britânicos de Lewis, Garfield e Burgess e o Tribet de Hauborbin.

Os Peugeot tinham novidades em termos de motorização: uma versão de quatro cilindros para Boillot, enquanto que Goux e Giuppone ficaram com os motores bicilindricos bastante altos e com um curso de 280 milimetros. Contudo, dois dias antes da corrida, a tragédia atinge a equipa Peugeot quando Giuppone perde o controle do seu carro e teve morte imediata, deixando o seu mecânico bastante ferido.

Apesar desta tragédia, os outros dois Peugeots alinharam na corrida. Eles começaram na frente, mas cedo demonstraram problemas: o motor de Boillot começou a sobreaquecer e Goux teve um furo, atrasando-se. Isso tudo foi aproveitado por Zucarelli para tomar a liderança, mantendo-se para o resto da corrida, sem cometer qualquer erro e num ritmo de corrida suave. Essa condução praticamente perfeita deu a ele a vitória, com mais de 16 minutos de avanço sobre Jules Goux. Jean Chassagne, noutro Hispano-Suiza, foi o terceiro classificado. E com isso, houve mais uma realização inédita: um italiano, num carro espanhol, venceu a competição mais importante de França.

(continua no próximo capitulo)

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