segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A imagem do dia

Hoje, o jornal "Publico" lembrou que faz hoje sete anos sobre a inauguração do Autódromo de Portimão. Foi uma grande inauguração, com 70 mil pessoas assistir a uma prova de Superbikes, e antes disso, uma demonstração de um Formula 1 com o espanhol Jaime Alguersuari - que tinha acabado de vencer a Formula 3 britânica - a experimentar as emoções de uma esperança de voltar a ter a categoria naquele país, e num circuito que tinha todos os padrões para o receber.


Contudo, o que não se sabia era que quando foi inaugurado, estava condenado. Semanas antes, a crise económica tinha rebentado, e um dos financiadores era a imobiliária irlandesa Harte Holding, que tinha investido 42 milhões de euros para vender o complexo de apartamentos de luxo, mais os hotéis de cinco estrelas que estavam a ser feitos. Esta entrou em falência no inicio de 2009, e sem esse dinheiro, mais as dificuldades em pagar os mais de 150 milhões de euros de investimento aos bancos que o financiaram fizeram com que em 2012, a Parkalgar, a entidade que gere o complexo do Autódromo Internacional do Algarve, tivesse de pedir um PER (Plano Especial de Revitalização) para poder recuperar. E até agora, tem andado a cumprir esse plano.

Após sete anos de existência, se não atraiu competições de relevo - o melhor foi uma prova de GP2, uma ronda do WTCC e este ano a Formula 3 Euroseries - ainda não conseguiu atrair os dois grandes objetivos: a Formula 1 e o MotoGP. Se no primeiro, as valores que Bernie Ecclestone pede são obscenos, no segundo caso, parece que a Dorna deseja mais o Estoril do que Portimão, nos anos em que eles andaram por aqui. Agora que ele não está mais por ali (em contraste, visita Espanha por... quatro vezes, Jerez, Aragão, Barcelona e Valência), pode ser que estejam interessados, por ser mais moderno do que o Estoril. Mas em termos de centralidade, o circuito nos arredores de Lisboa não tem comparação.


O que é pena, pois é um circuito desafiador. Da unica vez que a formula 1 esteve por ali, no inicio de 2009, Kamui Kobayashi afirmou que era uma das pistas mais desafiantes que tinha estado, devido às suas elevações. E quem vai lá para correr, diz a mesma coisa, e afirma que Portimão é uma das melhores pistas que já correram. 


E de uma certa maneira, entendo o porquê de não estar no calendário da Formula 1. Não é só o dinheiro. Não foi desenhado por Hermann Tilke, não é uma "mesa de bilhar" sem altos e baixos, é desafiadora. Algo que a Formula 1 não tem muito, por estes dias. Se formos ver bem, no calendário atual, a pista que mais se aproxima de Portimão será Zeltweg, na Áustria, ou Spa-Francochamps, na Bélgica. E são há muito circuitos clássicos, desafiadores, e que entraram na imaginação dos fãs há muito tempo. 

Pode ser que um dia, com outros elementos, Portimão cumpra aquilo que foi desenhado. Espero que sim.

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