domingo, 19 de junho de 2016

Formula 1 2016 - Ronda 8, Azerbeijão (Corrida)

Não tinha visto o circuito e a paisagem "com olhos de ver" neste fim de semana, pois estava demasiado concentrado nas 24 horas de Le Mans, mas depois de ver tudo isto, os meus pensamentos foram ter com outra cidade, banhada noutro mar, e que teve Formula 1 para tentar "bombar" o seu prestigio: Valência. Entre 2007 e 2012, a Formula 1 andou por lá, e acabou com uma divida enorme na autarquia e no governo regional, o esquecimento dos fãs e o abandono de partes do circuito. De uma certa maneira, é aquilo que se espera do atual novo-riquismo da Formula 1: fazem para aparecer, quando acabar o "hype", todos desaparecem e o local fica entregue aos bichos. Aposto o que quiserem sobre como estarão circuitos como Istambul, Buddh ou Yeongam, depois da passagem da Formula 1 por aquelas partes...

O dia amanheceu com muito calor, mantendo-se acima dos 30 graus após aquela hora. Ao mesmo tempo em que as coisas terminam em Le Mans, com drama a acontecer ao cair do pano, com a Toyota a perder a vitória na última volta para a Porsche, neste pequeno país do Caucaso que se reclama europeu, máquinas e pilotos preparavam-se para um circuito que se revelou interessante, apesar dos pontos muito apertados naquela pista.

A partida aconteceu sem problemas, com Daniel Ricciardo a tentar passar Nico Rosberg, mas o alemão conseguiu defender-se. Atrás, Esteban Gutierrez tocou em Nico Hulkenberg, danificando a asa dianteira, mas de resto, não houve acidentes graves nos sítios mais apertados. Nas voltas seguintes, houve movimentações no sentido de os pilotos chegarem-se o mais à frente possível, enquanto que na quinta volta, Sebastian Vettel tinha passado Ricciardo para ficar com o segundo posto.

Logo a seguir, começaram as paragens de pneus, passando dos muito moles para os moles, tentando ver se aguentavam mais um pouco. Mas por esta altura, as pessoas começavam a notar os sacos de plástico a rolar na pista, mas por agora, não estava a ter grandes consequências... apesar dos protestos do Kimi Raikkonen. Aliás, os primeiros protestos do finlandês, que fizeram as delicias dos adeptos... E as paragens nas boxes fizeram com que Pascal Wehrlein tenha chegado a andar na nona posição! Pouco depois, Felipe Massa e Max Verstappen o colocaram fora dessa zona.

Na volta 14, os comissários decidiram penalizar Kimi Raikkonen em cinco segundos porque ele pisou a linha de saída das boxes por razões de segurança. A partir dali, a corrida caiu na monotonia, apenas quebrado pelas idas à boxe, mas com ultrapassagens na reta da meta, por exemplo. Na frente, Nico Rosberg continuava a liderar, sem problemas. Por alturas da volta 25, a diferença para Kimi Raikkonen era de 19 segundos.

No meio dessa monotonia, o que animava a corrida eram... as comunicações entre o piloto e a boxe. Lewis Hamilton queixava-se dos sistemas eletrónicos do carro, que não davam toda a potência ao bólido, e os engenheiros não poderiam dar as informações necessárias ao piloto para resolver a situação, mostrando até que ponto o volante se tornou complexo. Na sua frente, Kimi Raikkonen queixava-se de tudo e de nada, desde os sacos de lixo até à lentidão dos carros à sua frente, especialmente desde que teve um momento de "Kimi, Sebastian is faster than you". Os piiis que dava como resposta era a unica razão de animação naquela corrida, ainda mais, quando ele começou a ter o mesmo tipo de problemas que Hamilton, com o mesmo tipo de resposta.

Parecia estarmos a ver "2001, Odisseia do Espaço", com o engenheiro a ser um HAL9000, com o seu "Receio que não possa fazer isso"...

Na parte final, a penalização de Kimi voltou para o assombrar, especialmente quando Sergio Perez se aproximou o bastante para o apanhar. Contudo, o mexicano não queria ganhar um pódio na secretaria e tentou a sua sorte na penultima volta, com resultados. 

E na meta, Nico Rosberg vencia pela quinta vez nesta temporada e regressava ao lugar mais alto do pódio, depois de três corridas de interregno. Recuperava um pouco os pontos perdidos a favor de Hamilton, que foi apenas o quinto, enquanto que Sebastian Vettel repetia o segundo posto do Canadá, com Sergio Perez a conseguir o seu segundo pódio do ano, e o segundo em circuito urbano. Com o terceiro a aparecer apenas em setembro, em Singapura, vai ter de arranjar alguma coisa até lá...

Depois de Raikkonen e Hamilton, ficou o Williams de Vallteri Bottas, os Red Bull de Daniel Ricciardo e de Max Verstappen, o segundo Force India de Nico Hulkenberg e o segundo Williams de Felipe Massa.

E pronto, terminou a angustia que foi esta corrida. O mais engraçado nesta Valência com outro mar pela frente é que mesmo ali, os pensamentos estavam em Le Mans e com o que tinha acontecido. A ideia de Bernie Ecclestone em colocar os dois eventos um atrás do outro saiu literalmente pela culatra, ainda por cima depois do que tinha acontecido antes. Mas será que o anão irá aprender a lição? Claro que não, ele vai a caminho dos 86 anos...

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