terça-feira, 22 de agosto de 2017

The End: Don Nichols (1924-2017)

Don Nichols, o fundador e patrão da Shadow, equipa que esteve na Formula 1 entre 1973 e 1980, morreu esta segunda-feira aos 92 anos, segundo informou Mike Wilds na sua página do Facebook. Nichols foi um dos patrões da Formula 1 nos anos 70 e foi uma personagem e tanto em termos da sua vida.

Nascido a 23 de novembro de 1924, pouco se sabe sobre a sua vida em termos de juventude. Esteve no exército na II Guerra Mundial e na Guerra da Coreia, servindo na inteligência militar, chegando à patente de Major. Saído no exército, foi para o Japão nos anos 60, onde foi representante da Goodyear e da Firestone, ajudando a estabelecer uma comunidade automobilística no país do Sol Nascente. Ajudou na construção do circuito de Mont Fuji, em 1965, e no final da década, decidiu regressar aos Estados Unidos.

Ali, em 1968, ajudou a fundar a Advanced Vehicle Systems, para dois anos mais tarde mudar para Shadow Cars. Nesse ano, construiu um chassis para a Can-Am, o Mk1, desenhado por Trevor Harris, que seria guiado por Vic Elford e George Follmer. O carro era conhecido pelo seu baixo centro de gravidade e embora veloz, era pouco fiável.

Nos anos seguintes, a Shadow teve mais sucesso na Can-Am, sendo um dos rivais da poderosa McLaren, embora sem vencer corridas. No final de 1972, Nichols, com o apoio a petrolífera UOP (Universal Oil Products) decide dar o salto em frente e ir para a Formula 1. Escolhem como pilotos o americano George Follmer e o britânico Jackie Oliver, com o chassis DN1. Um terceiro chassis é construído para Graham Hill, que em 1973 decidiu construir a sua própria equipa. O DN1, estreado no GP da África do Sul, em Kyalami, dá-lhes dois pódios e nove pontos no total.

No ano seguinte, constroem o DN3. Mostrou alguma promessa às mãos do americano Peter Revson e do francês Jean-Pierre Jarier, mas Revson acaba por morrer num teste no circuito sul-africano devido a uma falha na suspensão de titânio, que andavam a testar naquela altura. Depois de algumas corridas com o britânico Brian Redman, escolheram outro, Tom Pryce, para o seu lugar.

Nesse ano, a Shadow domina a Can-Am, com Oliver ao volante, mas por esta altura, a competição sofria com as restrições causadas pelo primeiro choque petrolífero e seria interrompido no final dessa temporada.

O grande ano da Shadow foi a temporada de 1975, quando conseguiram três pole-positions e duas voltas mais rápidas. Dois delas com Jarier ao volante (Argentina e Brasil), e outra com Pryce, na Grã-Bretanha. Contudo, no final dessa temporada, a UOP sai de cena como patrocinadora. 

Pryce deu-lhes dois pódios nas duas temporadas seguintes, mas a equipa lutou para se manter no meio do pelotão, especialmente em 1976. No final do ano, encontram o italiano Franco Ambrosio, que fica com parte da equipa e coloca um piloto italiano num dos lugares. A temporada de 1977 começa com Renzo Zorzi ao lado de Tom Pryce, e o DN9 é apresentado ao público, mas o galês morre trágicamente em Kyalami, no GP da África do Sul. Para o seu lugar entra o australiano Alan Jones, e pouco depois, Ambrósio troca Zorzi pelo jovem Riccardo Patrese.

Depois disso, a temporada é de sonho: Jones vence em Zeltweg e alcança pódios em Monza e Watkins Glen, conseguindo 21 dos 23 pontos que a equipa tem nessa temporada, mas no final do ano, acontece uma rebelião entre alguns dos membros da equipa, que queriam depor Nichols do seu lugar. Os dissidentes saíram da equipa e formaram a Arrows. Nichols manteve a Shadow, mas a decadência é inevitável. Em 1978 teve Clay Regazzoni e Hans-Joachim Stuck, mas não conseguiram mais do que seis pontos, e em 1979, Elio de Angelis deu à marca os últimos três pontos, resultantes de um quarto lugar em Watkins Glen.

Contudo, pelo meio, Nicheols obtêm uma vitória na secretaria: o Arrows FA1 era muito parecido com o DN9, acabando por os colocar em tribunal. Este provou que o carro era uma cópia do carro anterior - ambos tinham sido desenhados por Tony Southgate - e a meio de 1978, depois de Patrese ter conseguido um segundo lugar no GP da Suécia, o tribunal decidiu que a Shadow tinha os direitos sobre esse chassis.  

Contudo, essa vitória não teve grandes consequências. No inicio de 1980, Nichols vende a sua parte para Teddy Yip, o patrão da Theodore, abandonando a Formula 1. A Shadow encerraria as suas atividades pouco depois, e Nichols decidiu retirar-se para a California, gozando a reforma, aparecendo em várias reuniões automobilísticas para falar sobre a carreira e a sua equipa. Ars longa, vita brevis, Don.

Sem comentários: