terça-feira, 21 de maio de 2019

A imagem do dia

No meio de muitos tributos e momentos do qual Niki Lauda é recordado, os entusiastas da aviação deverão lembrar-se mais de um evento com quase 28 anos. A 26 de maio de 1991, um Boeing 767-300ER da sua companhia aérea, a Lauda Air, caiu no voo entre Hong Kong e Viena, depois de uma escala em Bangkok, a capital da Tailândia. O voo levava 213 passageiros e dez tripulantes a bordo, e não houve sobreviventes.

Lauda foi para o local do acidente e viu os destroços. Foi aos funerais dos tripulantes e jurou que iria descobrir a causa da queda do avião. E assim fez, apesar de ter pela frente uma tarefa bem complicada.

Primeiro que tudo, as caixas negras não estavam em condições devido ao impacto do avião no solo. O Flight Data Recorder, que grava os dados de voo do avião, estava totalmente destruído - o pedaço maior tinha uma tamanho de cinco por dois metros, metade do tamanho dos recuperados no atentado de Lockerbie, três anos antes - logo, apenas o gravador de voz poderia ser usado. Cedo, Lauda chegou à conclusão de que um reversor, situado num dos reatores, tinha sido ativado em pleno voo, causando o descontrolo e subsequente despenhamento do avião.

Contudo, para provar, teve de convencer todos, a começar pelo National Transportation Safety Board (NTSB) e a Boeing de que essa era a causa principal, que fora isso que causara o descontrolo do avião e ele a ser despedaçado em plano ar, ainda antes de impactar no solo. Chegou a entrar em conflito com a Boeing, que estava relutante em seguir a pista (não o queriam que fosse aos simuladores), mas face à sua insistência, lá deixaram que fosse para o simulador e testar a sua teoria. Depois de quinze tentativas de recuperar o avião, sem sucesso, a companhia admitiu o defeito. Contudo, a Boeing disse que iria demorar três meses para emitir um comunicado, afirmando que teria de redigi-lo de forma adequada. Lauda respondeu, convocando uma conferencia de imprensa no dia seguinte, afirmando que ele tinha razão, quando afirmava que naquelas condições, o avião não tinha chances de recuperar no ar. 

No final, a Boeing decidiu colocar novos procedimentos mecânicos que impedissem a ativação indevida dos reversores no ar, e desde então, não houve mais incidentes deste tipo. Hoje em dia, há um monumento em Chiang Mai, no norte da Tailândia, em memória dos mortos do desastre, e de uma certa forma, Lauda deu a sua colaboração para a melhoria das condições de segurança em voo, algo improvável, e que foi devido a uma tragédia aérea. 

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